
“Descobri um bar que vocês vão gostar. Meus pais foram e amaram”. Foi com essa frase que a Victória, acadêmica de PP no auge dos seus 18 anos, me mostrou qual é o meu verdadeiro lugar no mundo jovem. Até ouvir isso, eu ainda me considerava da “ala jovem”. Quase me sentia a “tiazona do pavê” e me dei conta que, inclusive, pertenço à mesma geração que os pais dela – fato que, por razões etárias, aproxima gostos e afinidades, como é o caso de músicas e botecos.
Não vou dizer que foi uma facada no peito porque prefiro encarar os desafios – e a idade – de frente. Claro que tive vontade de fulminar a Victória por uns instantes, mas ok, o que importa é manter o espírito jovem, já que o corpo um dia vai virar carcaça mesmo.
Nessa labuta pra não deixar o espírito envelhecer, confesso que busco aprender com a galerinha, mas às vezes preciso recorrer ao dicionário. Graças aos novatos, descobri que não posso virar “cringe” e tenho que me manter antenada, pra não correr o risco de ser cancelada. “Biscoitar” só quando acho que estou merecendo mesmo, mas também não é muito o meu perfil.
Outra coisa que descobri com essa nova geração é que a quantidade de “dates” nunca é proporcional à de “crushs” e que, apesar de parecerem mais bem resolvidos que os “boomers”, na real morrem de medo de não ser aceitos e preferem andar em bandos por pura insegurança.
É natural da idade e do bombardeio de informação a que são submetidos diariamente. Por sorte, fui jovem quando a vida era mais fácil nessa fase, penso eu. A comunicação era mais restrita, mas as pessoas não estavam tão expostas e vulneráveis.
Eu acho ótimo essa convivência intergeracional, mesmo que eu perceba olhares de surpresa em vários momentos. Além de me divertir muito com esses “novos jovens”, aprendo a usar o Tik Tok, descubro novos estilos musicais e o vocabulário está em dia pra não fazer feio na conversa com meus filhos.
*Danielle Blaskievicz é jornalista, empresária e não sofre com a idade