Jingle bells, jingle bells e, socorro…, vem aquele alerta de que, em menos de dois meses, é hora de colocar uma roupa nova pra celebrar a chegada de 2024. Como num passe de mágica, a gente precisa esquecer tudo o que deixou pelo caminho – por falta de tempo, de interesse ou pura preguiça mesmo – e começa a fazer 1.239 outros planos pro ano que se aproxima.
Não é preciso ser vidente ou ter bola de cristal pra saber que a maioria das pessoas quer ser mais saudável, perder peso, ganhar mais, diminuir o estresse e sair rodando mundo afora. Além disso, uma parcela significativa quer encontrar um grande amor, parar de fumar, trocar de emprego, ter filhos e acabar com as dívidas.
Acontece que 2023 ainda não acabou e ainda dá tempo de fazer muita coisa acontecer. É possível, inclusive, parar guerras e poupar vítimas de todos os lados.
Porém, voltando a focar naquilo que está dentro da nossa governabilidade, seguem algumas possibilidades de como encerrar 2023 um pouco melhor:
– Faça uma faxina no seu guarda-roupa e coloque todos os itens que não usa há mais de um ano para doação. Desapegue e ajude quem não tem;
– Escolha um livro pra ler e se comprometa em chegar ao fim antes de acabar o ano;
– Vá a algum lugar da sua cidade que ainda não conheça: pode ser um parque, um café ou uma biblioteca, mas vivencie a experiência, perceba as pessoas e observe o local;
– Passe um dia sem reclamar. E isso envolve a política, o aquecimento global, a economia da América Latina, sua vida pessoal, sua rede de relacionamentos ou os problemas que você mesmo ocasiona;
– Exercite a gentileza. Existem expressões típicas da Língua Portuguesa formuladas especialmente para isso. São elas: “Por favor”, “com licença” e “muito obrigado”. Use sem cautela;
– Descubra que a saudade pode ser exterminada: ligue pra um amigo que não fala há tempos, mande mensagem pra uma pessoa querida, vá visitar o tio que está hospitalizado. Mande sinal de fumaça, pombo-correio, carta, telegrama ou carro de som, mas se faça presente pra quem ama;
– Saia de todos os grupos de WhatsApp que não agregam nada ao seu conhecimento e ao seu dia a dia. Se aquilo só serve pra acumular espaço na memória do seu telefone celular, caia fora urgente;
– Pare de seguir os profetas do fim do mundo das redes sociais, aquelas pessoas que têm a fórmula perfeita pra vida alheia, são ótimas pra pontuar os erros dos outros, mas ninguém sabe de onde vêm, como surgiram, de quê se alimentam e qual a base científica estruturam suas ideias;
Não dá pra ser feliz e fazer planos apenas no Natal ou no Réveillon. A vida real é de quem paga boletos, tem preguiça de acordar na segunda-feira, torce pra curtir um feriado prolongado, conta os dias pras férias e reza pra não ficar doente porque isso não faz parte da programação.
É de quem pode ter momentos de mau humor, mas, se perceber que isso está virando rotina, pede ajuda médica porque sabe que tem algo fora de ordem na cachola. E que fazer listas e descumprir essas listas faz parte da brincadeira chamada vida.
Danielle Blaskievicz é jornalista, empresária e não faz mais listas de Ano Novo.