Natal2
Oratório de Natal do Parque Tanguá. (Crédito: Divulgação/Ricardo Marajó/SMCS)

por Danielle Blaskievicz

Votos de PAZ, AMOR, SAÚDE E ALEGRIA – não necessariamente nessa ordem ou com essas palavras, mas expressando essas intenções em letras garrafais – escritos à mão e com toda a sinceridade do coração! Muito além da árvore de Natal, do Papai Noel, das renas saltitantes dos filmes, dos presentes e de toda a tradição religiosa que envolve o dia 25 de dezembro, uma das coisas que sempre gostei muito nessa época do ano era o carinho distribuído de forma analógica por aí, nos cartões de Natal, itens cada vez mais raros nos dias de hoje.

A internet e os aplicativos de mensagem eletrônica facilitaram a comunicação na era digital, mas boicotaram por completo essa antiga forma de desejar felicidade aos amigos e pessoas queridas.

Os recados personalizados e geralmente carregados de emoção foram substituídos por mensagens automáticas, cheias de poesias produzidas diretamente em plataformas de inteligência artificial. Dá, inclusive, pra embalar tudo isso ao som de Jingle Bells ou qualquer outro hit do momento.

Tudo muito rápido, instantâneo e zero envolvimento e criatividade, mas com a vantagem de garantir a réplica pra todos os contatos da agenda telefônica em questão de minutos. Pronto, todos felicitados, virtualmente abraçados e com a falsa impressão de proximidade. Os direitos autorais, inclusive, mandam lembranças e clamam por misericórdia!

Desculpa aí, mas sou “old school” demais nessa hora. Num planeta com mais de 8 bilhões de pessoas dividindo um ar cada vez mais poluído, acho importante que as pessoas se sintam exclusivas. Meio brega, eu sei, mas não vejo muito sentido nesse tipo de coletividade anônima e automática.

Prefiro um abraço apertado, mesmo que de forma digital, mas que traga sentimentos verdadeiros. Está valendo até um xingão à distância de quem não conseguiu estar mais perto pra compartilhar as alegrias, o chororô e as videocassetadas dos últimos 365 dias.

Se permita fugir das frases prontas e reunir palavras pra dizer que ama com os termos que mais se encaixam em cada relação. Amor pode ser demonstrado das mais diversas formas e o Natal é um bom momento pra isso. Deixe de lado a preguiça e pense bem antes de ficar reproduzindo votos de felicidade apenas por obrigação. Até o esquecimento é mais autêntico nessa hora!

Danielle Blaskievicz é jornalista, empresária e não envia e nem responde mensagens automáticas, nem mesmo no Natal.