“Gorda. Baranga. Piranha. Vaca. Biscate. Louca. Desequilibrada. Mal-amada. Vadia. Velha…”
Como ainda acham que é fácil agredir uma mulher! Eis aí alguns exemplos de “adjetivos” utilizados quando faltam argumentos numa discussão com o “sexo frágil”. E essa semana o Brasil todo viu uma cena assim, lamentável.
Já alerto que esse aqui não é um texto partidário, defendendo políticos de direita ou de esquerda! É apenas uma reflexão sobre o machismo explícito, a violência de gênero predominante em vários setores da nossa sociedade. Caso você tenha políticos de estimação, nem continue a leitura!
O episódio do qual a deputada federal Sâmia Bonfim (PSOL-SP) foi vítima, durante a CPI do MST na Câmara dos Deputados, em Brasília, foi registrado, transmitido ao vivo, repostado nas redes sociais. Repercutiu. Sâmia não recuou, não demonstrou medo, não se apequenou. Claro, que em seu círculo reservado, ela pode – e tem todo o direito – ter desabafado.
Mas quantas Sâmias existem por aí afora? Dispostas a enfrentar o coronelismo ainda vigente no Brasil? Quantas cenas ocorrem em locais privados, sem que ninguém tenha acesso às imagens, que não seja possível ir além das versões dos envolvidos. Episódios que não repercutem na imprensa, não ganham likes nas redes sociais, não conquistam engajamento porque as vítimas não têm popularidade.
Quando se fala em violência de gênero, a primeira imagem que se tem é a da mulher machucada, escondendo os hematomas. Essa é apenas a ponta do iceberg. As estatísticas mostram que o estrago é bem maior e, em função de situações como a vivenciada por Sâmia Bomfim, vem se perpetuando na sociedade como algo corriqueiro.
Uma pesquisa do Instituto Datafolha, realizada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostrou que todas as formas de violência contra a mulher aumentaram no Brasil em 2022. A pesquisa incluiu desde xingamentos e ameaças até feminicídios, passando por violências psicológicas.
É importante lembrar que no texto da Lei Maria da Penha estão previstos cinco tipos de violência contra a mulher: física, psicológica, moral, sexual e patrimonial. Enquanto a violência psicológica se caracteriza pela ameaça, humilhação, constrangimento, chantagem e manipulação, a violência moral envolve calúnia, difamação, críticas, julgamento sobre o modo de agir.
Atenção!! Na próxima segunda-feira, 7 de agosto, a Lei Maria da Penha completa 17 anos de existência. Ela foi sancionada pelo presidente Luis Inácio Lula da Silva e entrou em vigor imediatamente após a sua publicação no Diário Oficial da União. Essa legislação representou um marco importante no combate à violência de gênero no país. Vamos comemorar? Ou deixar passar mais esta?
Danielle Blaskievicz é jornalista, empresária e fica doida com os absurdos que ainda presencia nesse circo chamado Brasil.