Sapo (Foto: Freepik)

Das muitas expressões tipicamente brasileiras, “engolir sapo” é uma das que eu mais detesto. Não pela expressão em si, mas por todo sentido que ela carrega. Fico imaginando um americano, de passagem pelo Brasil, ouvindo isso e tentando traduzir “she swallow frog.”Já vai imaginar que é mais uma das muitas iguarias culinárias do nosso variado cardápio. Algo do tipo “ela comeu uma sopa de sapo” ou algo do gênero. Nada apetitoso, diga-se de passagem.

Mas não detesto a expressão gratuitamente. É porque simplesmente acho essa metáfora usada pra fazer uma analogia a algo desagradável que somos obrigados a tolerar e que, obviamente, faz muito mal à saúde.

Primeiro esses sapos atacam o sistema nervoso, como se o famoso veneno que eles produzem tivesse algum poder de atingir os neurônios e afetar o cérebro.

Depois, os fatídicos anfíbios começam a afetar outros órgãos do corpo, conforme a imunidade vai diminuindo. Tudo quanto é tipo de “ite” começa a aparecer: gastrite, dermatite, labirintite, esofagite, diverticulite e até celulite. Os laboratórios farmacêuticos agradecem, mas pense bem se vale à pena continuar contribuindo com os lucros dessa poderosa indústria.

No Dicionário do Folclore Brasileiro, Luís da Câmara Cascudo – um dos mais renomados folcloristas brasileiros e grande responsável pela preservação e promoção do patrimônio cultural brasileiro – alinhava as referências do bicho com o folclore. Por essas bandas e deixando de lado o politicamente correto, o sapo era peça fundamental pra quem queria praticar bruxaria. Além disso, segundo Cascudo, o animal estava diretamente ligado às forças ocultas, pois acreditavam que esse tipo de anfíbio carregava uma pedra na cabeça que era eficaz nas feitiçarias.

Pro bem geral do planeta e em prol da saúde mundial, defendo o direito de ninguém, nunca mais, engolir sapo. Esses pequenos anfíbios são muito importantes pro meio ambiente! São predadores naturais e fazem o controle de pragas, regulam a população de insetos, entre inúmeras outras vantagens pro ecossistema e equilíbrio ecológico.

Logo, se as pragas que habitam ao seu redor incomodam demais, deixe os sapos soltos. Eles vão dar um jeito nisso!

Danielle Blaskievicz é jornalista, empresária e aprendeu que engolir sapo dá indigestão e gastrite.