Valter Campanato/Agência Brasil

Tirei uns dias de férias e estava decidida a “desligar da tomada”, mesmo que apenas por poucos dias. Longe de tentar me isolar numa comunidade zen, ousar me aventurar por experiências transcendentais ou adotar um estilo de vida natureba, meu único objetivo era aproveitar a oportunidade e me dedicar às conexões reais, ouvir o barulho do mar, esperar o sol se pôr e conferir se existiam estrelas no céu.

Só que, já de cara, percebi que esse é um desafio que vai além das minhas decisões. Por mais boa vontade e propósito interior que existam, o ser humano – eu, inclusive! – virou um dependente digital.

É praticamente impossível desligar o celular e ficar off, como faziam os maias e os astecas. No aparelho, na palma da mão, estão todas as soluções necessárias pro cidadão do mundo de hoje: o check in do voo, o GPS pra mostrar o trajeto, o cardápio do restaurante, o aplicativo bancário pra pagar a conta da refeição… que canseira!

Pra definir a programação e contratar qualquer serviço turístico é necessário buscar as informações nas redes sociais, combinar tudo pelo WhatsApp e, claro, registrar tudo em fotos que não são apenas lembranças, como outrora ousavam os mais velhos. Hoje, elas são atestados virtuais de que o tempo livre está sendo aproveitado de maneira exuberante e badalada.

É tudo digital, instantâneo, automático. O sorriso, a curtição, o prazer. Se não registrou, não viveu!

Frustrei minha expectativa de desconexão. Percebi que preciso melhorar muito nesse quesito. Tenho certeza de que o mundo não vai parar se eu me desligar. Mas, talvez, seja o caso de agendar as próximas férias no meio do mato.

Danielle Blaskievicz é jornalista, empresária e assumidamente uma dependente digital.