Pedro Ribas/SMCS

O último levantamento do IBGE, de 2021, aponta que são 1.963.726 pessoas distribuídas em 75 bairros dentro de uma área de quase 435 quilômetros quadrados. Já são 330 anos nas costas, quase 2 milhões de habitantes, muitos deles amontoados nos vãos dos Expressos, Interbairros ou nas largas vias os famosos “eixos estruturais da cidade planejada”. As várias “curitibas” numa só Curitiba!

Do sotaque do “sul do mundo”, em que a letra “L” é cantada umas três vezes em uma única palavra. Do timbre do “X” no “bixcoito” que lembra muito mais a Praia de Ipanema adaptada ao Parque Barigüi. Das “caroças” dos polacos das “colonhas” de antigamente.

A Curitiba dos venezuelanos, nigerianos, paulistas, nordestinos, franceses, alemães, árabes e tantos outros que, há mais de três séculos, vêm permitindo a mistura de cores, tons e ritmos pelas ruas e becos.

A Curitiba fofoqueira da Rua das Flores e a festiva do Largo da Ordem. A capital gelada de quem mora nas ruas e desaparece nas estatísticas. A cidade elegante que circula pelo Batel.

Numa época em que a diversidade é prerrogativa social, todas essas “curitibas” se encontram e se confundem. Em plena maturidade, é a cidade que mantém a pompa de uma socialite decadente misturada à fama de antipática e esnobe, rindo muito de tudo isso.

Uma senhora que encarou a mocidade com demasiada discrição, sobreviveu à menopausa e que hoje, no auge da sabedoria – quando deveria estar preocupada exclusivamente com os babados da novela das oito ou com a cor do suéter pro inverno do djanho que se aproxima – quer ser destaque, quer ser assunto, assume o papel de protagonista.

Mas Curitiba é barulhenta, gosta de bancar a popstar, quer os holofotes todos pra ela. As varizes a fazem descer do salto, mas mesmo quando é obrigada a usar chinelinho, faz questão de querer ser inovadora, sustentável, moderna.

Curitiba, quem te viu e quem te vê! Parabéns!!!

Danielle Blaskievicz é jornalista, empresária e não gosta de ficar longe de Curitiba por muitos dias.