sorriso
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Sabe quando você está conversando com alguém pelo WhatsApp e, do nada, começa a rir “sozinho”? Naquele nível de deixar quem está por perto morrendo de curiosidade ou com a certeza do seu nível de loucura. O fato é que, inconscientemente, estar perto de quem nos faz rir, sorrir, dar gargalhadas, é algo instintivo ao ser humano, uma espécie de necessidade de sobrevivência.

Costumam afirmar que, abaixo da Linha do Equador, as pessoas são mais felizes justamente pelo fato de sorrirem com mais facilidade. Claro que há uma confusão entre ser feliz e estar alegre. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa e, em alguns momentos, as duas coisas acontecem concomitantemente.

Sou péssima pra decorar nomes de filmes, músicas ou novelas. Mas, por incrível que pareça, sou capaz de gravar frases inteiras e esquecer o nome do livro de onde as tirei. Existem exceções, claro. Uma das frases que me marcou foi a do filme “À Procura da Felicidade”, quando o protagonista, o Chris Gardner (Will Smith) recebe a notícia da contratação pro emprego e sai à rua, meio perdido, e uma voz interior ecoa em sua mente: “Essa parte da minha vida, essa pequena parte da minha vida se chama felicidade”.

Do ponto de vista da psicanálise, enquanto a alegria é algo momentâneo, fugaz, a felicidade diz respeito a um estado de espírito que envolve uma série de outras coisas. Inclui o ser humano evitar a dor e buscar o prazer.

No ranking da felicidade, inclusive, o Brasil pode até ser alegre, mas está longe de convencer no quesito felicidade. No World Happiness Report – o Relatório Mundial da Felicidade – estudo financiado pela Organização das Nações Unidas (ONU) que elege o país mais feliz do mundo – o Brasil, coitado, ficou com a 49.ª colocação em 2023, entre 137 países avaliados.

Em primeiro lugar estão países como Finlândia – por seis anos seguidos –, Dinamarca, Islândia, Suíça e Holanda. Não há o que discutir. A renda per capta dos gringos deixa a dos brasileiros no chinelo, existe igualdade social, a expectativa de vida por lá é bem maior do que a nossa, notícias de corrupção praticamente não existem e os serviços do governo, como saúde, assistência social e educação, funcionam.

Mas felicidade, como diria Chris Gardner, são as pequenas partes da vida da gente. É aquela tarde de domingo com os filhos no parque. É ganhar flores sem data marcada. É o telefonema inesperado do amigo distante. É receber a notícia que aquela pessoa querida que tinha sido desenganada pelos médicos está em plena recuperação.

Felicidade é pisar na areia da praia e sentir a água do mar batendo nos pés. Pegar a estrada e ouvir a sua música preferida tocando no rádio a todo volume. Ou receber aquele meme com o recado “vi e lembrei de você”. Felicidade também é acertar os seis números da Mega-Sena, concluir a faculdade de Medicina, terminar o financiamento do carro. É cada pequena conquista que nem sempre teve torcida ou, às vezes, somente uma torcida silenciosa e atenta, com medo de atrapalhar a concentração.

Danielle Blaskievicz é jornalista, empresária e adora ouvir Feliz Alegre e Forte da Marisa Monte.