Partituras… (Reprodução)

Vem cá Luiza, me dá tua mão. Vamos conversar. Sei lá, me senti próxima de você, assim como tantas outras pessoas de diversos gêneros que já se sentiram traídas.

Declaração de amor é algo tipo tatuagem, fica eternizada. Se não é no corpo, é na alma. No seu caso, você brindou o mundo com uma música linda. Passei dias só ouvindo “Chico” – a música, faço questão de reforçar – e meditando em cada verso.

Em tempos de amores líquidos, folia realmente é arriscar no amor, na incerteza e pular de onde for. Sem saber se vai dar pé ou se há o risco de se afogar.

Enquanto o mundo defende relacionamentos abertos, sem compromisso, você resgatou o papo de doido que é a monogamia. Veja só… algo que parece até absurdo pro século 21, pura cafonice! Mas que, bem no fundo, é o que muita gente quer.

Ser cafona não é pra qualquer um. Apenas os ousados, os intensos, os indiscretos e aventureiros do coração podem se dar ao luxo de se assumir assim. Ousar desafinar, resgatar a bossa e até tomar o partido do outro só por amor.

Apesar das moedas que acumula, acho que o Chico não vale um tostão. Ele fez você chorar. Declaradamente avesso ao trabalho e adepto da vida fácil, achou que você era apenas mais um investimento. Arriscou alto. Perdeu tudo.

Existem homens que fazem chorar de tristeza. Há aqueles que fazem chorar de raiva. Outros que fazem chorar de alegria.

Ele não soube ser um pobre amador, apaixonado, nem mesmo um aprendiz digno do seu amor. Vai ter que exorcizar você da vida dele ao constatar a ausência dos raios de sol nos seus cabelos.

Você foi profética ao afirmar que vai viver o amor, apenas não será com ele, o dos poucos tostões. Escolha alguém que faça você chorar de alegria.

*Danielle Blaskievicz é jornalista, empresária e cafona assumida.