Sofá da coleção Les tentations da francesa Roche Bobois.

Móveis com design único, seja por assimetria, fluidez nas curvas ou silhueta marcante, podem ser desafiadores na composição de um ambiente. Ao fugir das formas convencionais, como retângulos, essas peças trazem movimento e personalidade ao cômodo. “Esses móveis são mais que uma peça de mobiliário, acabam sendo parte da decoração também”, define Karolinna Venturi, arquiteta à frente do escritório que leva seu nome. 

Poltronas e cadeiras são os tipos de móveis que costumam ter mais modelos com linhas e ângulos marcantes, sobretudo quando são assinados por designers. “O mobiliário solto tem uma variedade grande de modelos com design único, que expressam uma personalidade própria. São como obras de arte. Precisa ser valorizada no ambiente, dar um destaque à ela”, diz Karolinna. 

Mesa Uragano, lançamento da Natuzzi. Foto: Divulgação

A sensação de movimento presente na Mesa Uragano, lançamento da Natuzzi, é algo que precisa ter espaço para ser vista. Sua base de madeira é assimétrica, e através do tampo de vidro vemos que o material parece “escorrer”, criando um vazio em seu interior. 

No caso da mesa, a peça será um ponto central do ambiente, podendo também funcionar como um contrapeso à uma composição simétrica do restante, ou criar um ponto de referência para posicionar o restante do mobiliário em uma disposição assimétrica. 

Em peças menores com ângulos, um exemplo é a parte inteiriça do espaldar da cadeira Bone, assinada por Jader Almeida. A amplitude do formato da madeira para formar os braços do móvel dá a sensação de movimento. Em conjunto, como na foto abaixo, elas criam uma unidade pela repetição. 

Cadeiras Bone, de Jader Almeida. Foto: Divulgação

Sofás e poltronas, por serem peças maiores, ocupam boa parte do espaço. Quando sua forma se “desencaixa” do convencional, o fluxo da área ao seu redor também muda. “A gente aproveita a forma orgânica ou curva para tornar a circulação do espaço mais agradável. Isso é importante para criar um ambiente agradável, que não pareça pesado apesar de ter móveis marcantes”, avalia Karolinna. 

O ambiente da Roche Bobois, que abre esse artigo, mostra como a curva do sofá propõem um ambiente de convivência circular, ao mesmo tempo em que seus braços e assento parecem ter parado no meio de um movimento. Nesse caso, a composição segue com as formas circulares para dar unidade ao ambiente, como no caso do tapete, pufes, poltronas e na mesa de centro, mais oval. 

“No design tudo é possível se entendemos composição, alinhamento e como dar unidade ao ambiente”, diz Karolinna. Na sala de estar da foto abaixo, a composição feita por seu escritório combina as formas circulares e retangulares e as cadeiras altas da bancada trazem uma inclinação em sua forma, um ponto de dinamismo ao ambiente. 

Ambiente assinado por Karolinna Venturi. Foto: Eduardo Macarios/Divulgação

“Às vezes o cliente traz peças clássicas, de acervo, que não tem um estilo definido, mas conseguimos integrá-las por entender como compor”, finaliza a arquiteta.