As transformações que observamos no mundo da arquitetura são um reflexo de nossas transformações enquanto sociedade. O trabalho, a atividade que dedicamos mais tempo de nossa semana, sofreu uma série de transições de forma acelerada nos últimos anos. Atualmente, a predominância do trabalho híbrido – entre home office e expediente presencial no escritório – tornou necessário o restabelecimento de um ambiente que reintegre as pessoas ao ambiente corporativo e à convivência.

Novos projetos corporativos apostam em áreas abertas para integração e colaboração entre funcionários. Imagem: Maiara Faria Arquitetura/Reprodução

Como resultado desse novo momento, empresas retomam o trabalho presencial com uma parcela de funcionários, remodelando escritórios e espaços comunitários de suas sedes de forma que promovam integração e espírito de equipe, sem deixar de lado a individualidade do colaborador.

Os novos projetos arquitetônicos corporativos valorizam ambientes acolhedores para trabalho, reunião e também áreas de descompressão, voltadas para os intervalos e momentos de descanso. “Quem está investindo em novas sedes ou remodelagem retrofit quer um ambiente que promova a colaboração entre os funcionários. Um espaço sem salas, estilo coworking, em que gestores e staff não tenham distinção de suas mesas”, revela Maiara Faria, arquiteta especializada em projetos corporativos.

Biofilia no ambiente de trabalho está nas plantas como protagonistas do ambiente e na entrada de luz natural. Imagem: Maiara Faria Arquitetura/Reprodução

Seus projetos humanizam ambientes de trabalho e focam em criar espaços que fomentem o convívio e a troca de ideias a partir das bases da neuroarquitetura e biofilia. A integração de elementos vivos e valorização da natureza no projeto, inclusive, é uma das características de seu trabalho. Além de plantas como protagonistas dos ambientes, a biofilia também está em garantir a entrada de luz natural, no uso de materiais como madeira e outras superfícies naturais e cores que lembrem a natureza.

Espaços de descompressão

Os espaços de descompressão mudam de acordo com o projeto e a necessidade dos funcionários. “Em fábricas e espaços de trabalho coletivo e físico, em que se passa muito tempo de pé e em ambientes com ruído, projetamos silent rooms, em que as pessoas possam descansar individualmente, ter um som ambiente que induza ao relaxamento para ela se revigorar”, exemplifica Maiara, citando poltrona de massagem, redes, sofás, tapete de yoga e outros móveis e itens que auxiliam no relaxamento.

Para uma fábrica em que a maior parte do trabalho é coletiva e em espaço com ruído, Maiara Faria projetou uma “silent room”. Imagem: Maiara Faria Arquitetura/Reprodução

Para escritórios em que o trabalho costuma ser individual e desgastante mentalmente, os ambientes coletivos promovem a socialização com jogos, tais como pebolim, tênis de mesa, xadrez e outras atividades para interação. “É uma maneira de liberar energia de forma diferente”, explica Maiara.

Em escritórios em que o trabalho é individual e mental, atividades que promovam socialização, tais como jogos. Imagem: Maiara Faria Arquitetura/Reprodução