
Giorgio Armani, estilista que faleceu, aos 91 anos, na semana passada, era considerado o rei da moda clássica. Ninguém fazia alfaiataria como ele. Dono de uma técnica apurada, Armani percebeu a mudança que se formava a sua volta e colocou a sua moda como elemento de transformação social. Ele foi o primeiro estilista desde Coco Chanel a provocar uma mudança duradoura na maneira como as pessoas se vestem. Foi o seu clássico refinado, elegante e antenadíssimo, que ajudou a revolucionar a moda nos anos 1970 e 1980.
Ao testemunhar a entrada da mulher nos ambientes corporativos e a mudança da postura masculina, criou uma roupa de trabalho forte para as mulheres e desconstruiu a rigidez dos trajes masculinos. De modo geral, Armani suavizou a moda masculina e endureceu a feminina.
Os ternos dos homens mantiveram a alfaiataria de qualidade, mas perderam suas entretelas e forros, ganhando uma silhueta mais leve e sensual – refletindo uma mudança cultural ainda não traduzida pela moda. Enquanto isso, seus elegantes e poderosos tailleurs serviram de roupa de trabalho às mulheres – trajes que continuavam femininos, mas funcionavam como uma declaração de igualdade.
Isso tudo aconteceu no começo dos anos 1980, quando Armani vestiu Richard Gere, em ‘Gigolô Americano’. A partir daí, Armani passou a vestir estrelas no tapete vermelho do Oscar e a desenhar figurinos para filmes como ‘Os Intocáveis’ e e séries como ‘Miami Vice’. Armani, enfim, mudou a alfaiataria, vestiu gerações de estrelas e levou sua visão até o cinema e os tapetes vermelhos. Acreditava que elegância estava nos detalhes.