Divulgação Globo – Os óculos sempre foram marca registrada do apresentador: coloridos e cheios de personalidade

Quase sempre falo de mulher para mulheres por aqui. Mas hoje resolvi fazer, ao meu jeito, uma homenagem ao Jô Soares, um homem acima da média, que usou, segundo ele mesmo, o humor para ser diferente, em vez de ser diferente pelo fato de ser gordo. Ele era tão divertido, inteligente, culto, generoso, irreverente sendo gordo. E isso só mostra o quanto a gente se torna frágil quando sucumbe aos padrões inatingíveis e desconfortáveis.

E não bastasse tudo isso, Jô Soares deu aulas diárias de elegância masculina – e de desobediência – por anos a fio. Ele se divertia com gravatas borboleta combinadas ao lenço na lapela, usava sapatos bicolores e de bico fino (que alongavam sua silhueta), ternos em padronagens vistosas, camisas cor-de-rosa, óculos de aro colorido. Era um dândi. Assim, como o homem que o vestiu por anos, o elegantérrimo Julinho Rego. A propósito, a quem interessar possa, dândis são homens de bom gosto e fantástico senso estético, mas que não necessariamente pertencem à nobreza. São poucos hoje em dia.

Voltando ao Jô, o legal é que mesmo com um guarda-roupas impecável e ousado, seu estilo não sobressaia ao trabalho, aos entrevistados ou à personalidade. Era um componente bem pontuado, capaz de o deixar elegante e confortavel, como as calças de cintura mais alta, os suspensórios e os blazers bem cortados, que começavam os programas fechados e, atrás da bancada, ficavam abertos para assentarem melhor no corpo e não deixarem as ombreiras pontudas demais.

Isso é conhecer o seu próprio corpo, seu estilo, fazer graça com isso e se sentir confortável para viver da melhor forma possível.

Mais práticos e estilosos, os suspensórios compunham o visual

Terno branco, gravata borboleta e lenço na lapela eram os preferidos

Um só botão fechado, blazer alinhado e calça de cintura alta garantiam a elegância