Foto1 REUTERS Athit Perawongmetha
Rebeca Andrade, no lugar mais alto do pódio, celebrada por Simone Biles e Jordan Chiles (Reuters: Athit Perawongmetha)

No dia em que a brasileira Rebeca Andrade leva o ouro no solo da ginástica olímpica e é reverenciada no pódio francês pelas norte-americanas Simone Biles e Jordan Chiles, a gente acaba tendo muito mais assunto para falar do que moda. Na nossa sessão de Modaterapia da semana, quero fazer uma ode a essas mulheres tão diferentes, tão incríveis, de lugares e origens diversas, que nos inspiram, nos tiram o fôlego e nos ensinam que nem só vencer vale a pena. 

Quando essas duas atletas celebram outra, lembramos que podemos, sim, nos apoiar, nos admirar mutuamente, nos iluminar juntas, sem a preocupação de uma fazer sombra para outra. Porque não faz.

Ao ouvir a judoca Beatriz Souza, nossa outra medalhista olímpica, falando sobre aceitar seu corpo como é e nas dificuldades que viveu antes de isso acontecer, penso no tanto de vida que desperdiçamos nos desculpando ou nos espremendo em padrões inatingíveis de peso, de cor da pele, de idade, de gênero, de classe social. 

Roupa é detalhe, é imagem, é casca. O discurso é conteúdo, é essência. Dá para juntar os dois e fazer a nossa voz ir mais longe, estampar a verdade por onde passamos, sem precisar disfarçar ou pedir passagem. 

Outro exemplo foi a boxeadora do Congo Marcelat Sakobi, que posou para uma foto chorando e com os dedos encostados na cabeça, como uma arma. Foi o jeito que encontrou para denunciar a violência em seu país. Imagem e discurso juntos, eficientes, e prontos para mostrar que o mundo não é para amadores. Mas que juntos, com mais empatia, um olhar atento, generoso e mãos estendidas, talvez, sigamos mais longe. Se ninguém largar a mão de ninguém.