Se roupa for só roupa mesmo, que não deixa nenhuma provocação no ar, nem reflexão nem uma referência que seja, ela é só mais uma das toneladas que já existem por aí. Dessas, os chineses fazem mais, melhor e competir com eles é bem difícil. Para arrasar no mercado da moda e fazer roupa que não serve só para vestir, é preciso ser diferente, usar bons materiais, ter design, ser sustentável, fazer sonhar, atualizar e contar história. E logo no primeiro evento de moda nacional do ano, o Minas Trend, que chegou a sua 24ª edição esta semana lá em Belo Horizonte (MG), deu logo para voar com tanta coisa boa.
Interdisciplinariedade — Moda, meus amigos, é arte! A começar pelos conceitos de uma coleção, traçados com base em muita pesquisa. A costura, o bordado e a ourivesaria, por exemplo, são expressões plásticas da melhor qualidade. Isso sem contar os desfiles, que são verdadeiros shows.
No Minas Trend quase toda apresentação teve trilha sonora legal feita ao vivo. O desfile de abertura, com direção artística do estilista Ronaldo Fraga, teve marcas autorais que transformam mineirices cotidianas em verdadeiras joias. Tudo ao som de Zélia Duncan e Jaques Morelenbaum, com repertório consagrado de Milton Nascimento. E para fechar, o desfile de Raquel de Queiroz trouxe Elba Ramalho para um passeio afetivo e pictórico pelas entranhas do Brasil.
Manufatura e materiais — É hora de deixar as tendências de lado e saber de que e como são feitas as roupas. Um clássico como o couro apareceu no Minas Trend estampado, costurado, recortado, bordado, esculpido por Patrícia Motta. Veio escultórico também nos calçados ultracontemporâneos de Virgínia Arruda. Os tecidos, por sua vez, ganharam estamparia delicada com a Jardin. E o discurso contundente da Libertees, marca que encontrou mãos talentosas para a costura nas carceragens femininas e material bom nos rejeitos industriais.
Mix de referências — E não é só o artesanal que tem valor. A Skazi fez um desfile superpop, com JQuest para embalar, e roupa incrível, que mistura funcionalidade e esporte, tecidos rústicos e linguagem moderninha, cores neutras e outras neon. Teve ainda Fátima Scofield, que viajou pela Amazônia, por meio de uma moda bem moderninha, com muita alfaiataria, cores fortes e estampas gráficas.
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*A jornalista viajou a convite do evento.
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