

Para cada pessoa no planeta, há três peças de roupas usadas sendo descartadas em alguma praia ou lixão de uma comunidade que não tem condições de gerir este resíduo. Pode ser em Gana ou no Atacama, não importa, o fato é que se produz muito mais do que se consome. A produção de roupas dobrou de 2000 para 2014, superando 100 bilhões de peças de vestuário. E a gente faz o que com isso? Consome mais, qualquer coisa, rápido, sem pensar e joga fora – para consumir de novo.
A gente compra porque é fácil, porque está na moda, porque a influencer tem, porque está triste ou porque está feliz, porque está barato. Olha a reação da turma toda reclamando da taxação dos produtos chineses, das roupinhas baratinhas da Shein que aquecem o coração, driblam os tributos, enchem o armário, duram pouco, não resolvem o estilo de ninguém e ainda são produzidas com materiais de qualidade duvidosa e condições de trabalho questionáveis.
Consumir, queridas, requer responsabilidade – com você, com o seu dinheiro, com o outro, com o futuro e com o planeta. Dá para escolher fazer diferente e fazer melhor. Puxa o fio: quando você se conhece melhor, entende que não precisa de tantas coisas; pode optar por poucas e boas peças; elas podem e devem ser adquiridas com calma, com desejo, com consciência; saber onde comprar é questão de sabedoria – busque marcas em que você confia, que são responsáveis ambiental e socialmente, ou compre de quem está perto e faça a economia local girar ou ainda invista em peças de segunda mão (em brechós, bazares, sites e trocas), exclusivas, acessíveis e sustentáveis. Legal né? É só praticar.
E mais, fique de olho em como suas marcas preferidas fazem a gestão de resíduos. Quem produz também tem de fornecer os recursos financeiros necessários para gerenciar efetivamente o fim de vida de seus produtos. A moda precisa se responsabilizar por todas as fases de sua cadeia. Juntos podemos encontrar caminhos mais ecológicos para destinar as roupas que já existem. Reutilizar, reaproveitar, reciclar. Vale aqui também.
