Comportamentos de risco e saúde

Wanda Camargo | assessoria@unibrasil.com.br

Alguns comportamentos de risco, muitas vezes iniciados na infância e adolescência, estão estreitamente associados a doenças, principalmente as crônicas, e até a causas de morte, como por exemplo os problemas cardiovasculares, em praticamente todos os países, independentemente do nível de seus desenvolvimento socioeconômico. 

É alta a proporção de adolescentes que tem ao menos uma conduta de risco à saúde: consumo de bebidas, fumo, maus hábitos alimentares, a própria inatividade física; e o mais grave é que a quase totalidade deles apresenta dois ou mais desses hábitos.
Pesquisas demonstram que exposição concomitante a vários destes procedimentos na fase infantil ou juvenil está associada ao desencadeamento de múltiplos fatores de risco biológicos, entre eles as diversas doenças cardiovasculares, e muitos outros tipos de doenças incuráveis ou mortes prematuras.

O fumo tem sido o principal fator de risco para mortalidade, e a falta de atividades físicas, aliada à dieta inadequada, contribui para a esmagadora maioria das mortes se consideramos que precipitam e ampliam os problemas advindos de outras causas. No hemisfério Norte, onde a vigilância epidemiológica não está exclusivamente centrada nos desfechos, mas sim em todo o processo evolutivo das várias enfermidades, a procura é por identificar claramente subgrupos populacionais expostos a maior risco para auxiliar o desenvolvimento de intervenções mais eficazes.
Entre eles, a infância e juventude associadas aos maus hábitos, embora variem um pouco na demografia e aspectos psicossociais, estão profundamente correlacionados no aprofundamento das mazelas epidêmicas ou endêmicas. O mais grave disso é que rotinas de risco ativas como fumar e usar drogas levam às passivas, como a inatividade física.

Valorizar saúde está associada à adoção de comportamentos saudáveis, e uma percepção negativa da sua saúde atual como regular ou ruim induz ao descuido maior, ou seja, a procura por uma saúde melhor parece estar associada aos cuidados anteriores, que fazem parte dos costumes familiares e escolares.
Assim, o comportamento de risco, a percepção do nível de saúde e dos ambientes estressantes, a influência global do estilo de vida sobre os níveis de saúde e qualidade de vida em crianças e adolescentes está bem documentada em pesquisas e artigos acadêmicos, e o monitoramento e a intervenção sobre a adoção de práticas saudáveis são avaliados como prioridades de saúde pública. É preciso ter clareza de que a falta de atividade física, os hábitos alimentares inadequados, o excesso de preocupação com a aparência física que provocam bulimia ou anorexia, tabagismo, o consumo de drogas, incluído o álcool, tão onipresente na vida de boa parte dos jovens, o envolvimento em relacionamentos abusivos e violentos, ou em excessos de todas as ordens, trarão consequências para a vida pessoal e profissional futura, além de sobrecarga nos sistemas sociais de cuidados médicos.

Jovens estão também mais predispostos a mortes por causas violentas, acidentes de veículo a motor ou mesmo bicicletas, gravidez precoce e doenças sexualmente transmissíveis, o que afetará sua potencial produtividade futura, e políticas e programas de promoção da saúde são indispensáveis.
Dentro do ambiente escolar os diversos comportamentos desfavoráveis à saúde terminam implicando em baixa aprendizagem, rebeldia acentuada, pouca noção de hierarquia e civilidade, complicando a convivência que é essencial para o processo educativo. Se considerarmos que as famílias, lamentavelmente, pouco interagem com a escola, muitas vezes a consciência dos professores sobre as dificuldades dos estudantes leva a um tratamento eficaz.

Aliar politicas públicas de boa qualidade ao acolhimento juvenil nos ambientes domestico e escolar são fundamentais para melhoria das perspectivas de saúde populacional.

Wanda Camargo – educadora e assessora da presidência do Complexo de Ensino Superior do Brasil – UniBrasil.