A Universidade para a Paz, no espanhol Universidad para la Paz, abreviada UPAZ; em inglês University for Peace, é uma instituição de ensino superior estabelecida na cidade de Colón, na Costa Rica. 

Esse estabelecimento foi criado em 1980 pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, tendo como objetivo “prover a humanidade com uma instituição de ensino superior para a paz,  promovendo entre todos os seres humanos o espírito de entendimento, tolerância e coexistência pacífica”.

As aulas são ministradas em inglês, e nela estudantes de diversos países dedicam-se ao estudo sobre liderança para a paz: uma escola única no mundo, com mais de 6.000 ex-alunos vindos de mais de 120 nações trabalhando pela paz em escala global, em programas de Mestrado, Doutorado e alguns programas acadêmicos realizados em conjunto com outras instituições.

Foi criada pela ONU com o objetivo específico de “dedicar-se ao ensino, à investigação, à formação de pós-graduação e à difusão de conhecimentos fundamentais para o pleno desenvolvimento da pessoa humana e das sociedades através do estudo interdisciplinar de todas as questões relacionadas com a paz.”

Assim, por ter autorização legal global para conceder títulos de mestrado e doutorado com este objetivo, mais de 40 países reconhecem sua autoridade para expedir tais títulos, com a perspectiva de que todos os Estados membros da ONU reconheçam a validade de seus diplomas.  

Os títulos válidos, como Mestrado em Meio Ambiente, Desenvolvimento e Paz; Mestrado em Direito Internacional e Direitos Humanos, Mestrado em Direito Internacional e Resolução de Conflitos, Estudos de Gênero e Consolidação da Paz proporcionaram ao longo dos anos que milhares de pessoas de todo o mundo trabalhem em organismos governamentais, organizações internacionais e não governamentais, no sistema das Nações Unidas, com habilitação e competência para colaborar para o avanço da paz em todo o planeta.

Em contraponto temos a tradição das Escolas de Guerra; a Escola Superior de Guerra brasileira foi fundada em 1949 durante o governo Dutra, inspirada no National War College dos Estados Unidos, com a missão de preparar futuros líderes das Forças Armadas e outras agências, em estratégia e política de segurança nacional, teoria e prática de guerra, estratégia militar contemporânea.

Após a segunda guerra mundial o mundo entrou na chamada “guerra fria”, em que os beligerantes faziam ameaças, movimentos de tropas, desenvolvimento e produção de armas, mas raramente entravam em combates diretos. As guerras ocorridas foram e são sangrentas, com alto custo humano e material: Coreia, Vietnã, Palestina, Afeganistão, Argélia, Angola, Burundi, e muitas outras, mas se restringem a localizações definidas, não envolvendo outros países. Daí decorreu um falso sentimento de paz, como se o equilíbrio nuclear entre as superpotências garantisse que não entrariam em conflito e isso bastasse. Sabemos que não basta, os povos vitimados por aquelas guerras “menores” sabem que não basta.

Agora, a guerra fria ameaça esquentar; a Rússia invade a Ucrânia e sinaliza que não vai parar as agressões aos vizinhos até recompor algo como a União Soviética; o Hamas e o Hezbollah teleguiados pelo Irã atacam Israel que revida com violência descontrolada; a China ameaça invadir Taiwan, sua “província rebelde”; o chamado Mar da China Meridional é disputado pela China, Filipinas, Vietnã, Malásia, com participação do “sujeito oculto” norte americano, é região vital para o comércio da região e nenhum dos contendores vai abrir mão dela pacificamente. E são diversos os outros focos de incêndio no planeta.

Poucos fenômenos têm explicitado tanto as contradições do modo de vida contemporâneo quanto a crescente violência em que estamos imersos, seja nas redes sociais, na convivência diária, no trânsito, nas filas de banco ou supermercados, no trabalho, na família ou na escola.

Os espaços urbanos estão marcados pela exclusão e pela desigualdade social, e o ambiente, salvo raríssimas exceções, é de guerra iminente ou persistente, mesmo quando dissimuladas.

Temos, claro, notáveis progressos da civilização, que deveriam assegurar à humanidade uma existência digna e pacífica, convivência igualitária, democrática e fraterna. Entretanto, a violência tem sido multifacetada em todas as classes sociais e não apenas nas menos favorecidas, como ilusoriamente pensamos antes.

No horizonte, não se descortina soluções fáceis. Precisaríamos construir, imersos em uma nova prática, uma nova maneira de compartilhar, novo modo de ver, mais positivo e aberto às mudanças de perspectivas, que permitisse realização mais plena do potencial humano.

Precisamos cultivar a cultura da paz, pois ainda que aparente ser um núcleo de sonhadores, uma Universidade para a Paz é vital, literalmente, até para a própria salvação da humanidade neste momento em que as guerras parecem cada vez mais generalizadas, envolvendo participantes com acesso a armas que podem destruir o mundo.

Wanda Camargo – educadora e assessora da presidência do Complexo de Ensino Superior do Brasil – UniBrasil.