Em uma ocasião tive a oportunidade de entrevistar a polêmica e reticente Danuza Leão – autora, entre outras publicações, do livro Na Sala com Danuza. O que mais me chamou a atenção na conversa com a jornalista e escritora foi a visão humana e simples da autora em relação ao controverso tema ‘Etiqueta’.
Danusa salientou mais uma vez que a Etiqueta nada tem a ver com normas sem sentido que só servem para criar e salientar hierarquias, distanciando as pessoas. Foi-se o tempo em que se ensinava que as regras de etiqueta eram apenas saber qual o talher certo para cada prato, quem deve estender a mão primeiro para cumprimentar, ou como se deve cruzar as pernas ao sentar. Em uma época tão marcada por traições políticas e institucionais, Danuza lembrou o quanto as palavras etiqueta e ética são parecidas. Para ela, deveríamos ver a Etiqueta como a pequena ética. Portanto, a etiqueta seria, na visão da jornalista, a ética aplicada ao dia-a-dia, às atividades rotineiras. A Etiqueta serviria, assim, para se promover um ambiente harmônico, sem disputas injustas, sem ‘tapetão’, sem fofocas.
Vamos aplicar o raciocínio às situações profissionais. Claro que é importante analisarmos o ambiente para escolher a roupa certa, o corte de cabelo ideal e até o tom de voz adequado para interagir com outras pessoas. Mas, muito mais importante do que isso é sabermos criar um ambiente agradável e de confiança. É fazer, por exemplo, com que o cliente perceba no vendedor um parceiro, e não se sinta acuado com cada intervenção durante a conversa. É promover as verdadeiras negociações ganha-ganha, em que o acontecimento da venda não seja apenas um momento, mas a coroação de um relacionamento – que não começa e não termina na venda.
Ter etiqueta, então, é agir com bom senso e naturalidade, respeito e segurança, transparência e honestidade. E isso, ao final das contas, mostra também que as dicas de conduta, roupas, cortes de cabelo e acessórios para o ambiente de trabalho que chamamos de Etiqueta Profissional são, no fundo, ferramentas para a criação de um ambiente harmônico, que facilite a boa convivência e comunicação entre as pessoas.
Se é importante analisarmos e pensarmos qual a melhor aparência para a composição de um bom perfil profissional, é igualmente importante – ou até mais – refletirmos sobre o comportamento profissional no dia-a-dia. Todos enfrentamos conflitos éticos, fofocas, dúvidas sobre como agir em cada situação no cotidiano profissional.
Saber agir em diferentes situações é sinal de profissionalismo. Conseguir promover um ambiente de confiança entre as pessoas não é das coisas mais fáceis no local de trabalho, mas o bom profissional é aquele que consegue fazer com que os colegas sintam-se bem na sua presença.
Adriane Werner. Jornalista, especialista em Planejamento e Qualidade em Comunicação e Mestre em Administração. Ministra treinamentos em comunicação com temas ligados a Oratória, Media Training (Relacionamento com a Imprensa) e Etiqueta Corporativa.