Confesso que fico extremamente incomodada com os assuntos que, vira-e-mexe, entram e saem da moda no mundo dos negócios. São estrangeirismos desnecessários, clichês, jargões, erros gramaticais que se consagram e modelos de gestão que prometem resolver todos os problemas de uma empresa com um toque mágico, como o de Midas.

Um desses grandes temas é a liderança. De um tempo pra cá, inúmeras obras e centenas de autores têm dado receitas de como ser um bom líder — receitas boas e más. Há alguns anos, acompanhei uma palestra do hoje bastante conhecido Mário Sérgio Cortella, filósofo, mestre e doutor em Educação, com mais de 30 anos de experiência em magistério e palestras. Confesso que desfrutei a palestra palavra-por-palavra, absorvendo o máximo possível de todo o conhecimento mostrado de maneira tão clara e com tanto bom humor pelo professor. Cortella conseguiu falar de um tema tão ‘batido’ de maneira clara, mesclando futebol, etimologia, filosofia e até noções de gestão…

Correndo todos os riscos da simplificação, arrisco-me a expor um breve resumo do que foi falado na palestra A arte de liderar — cinco competências essenciais. O primeiro alerta de Cortella foi de que liderança não é um dom, mas uma virtude, e que, portanto, pode ser desenvolvida, trabalhada, aprimorada por todos. O palestrante lembrou que liderança é a capacidade de inspirar, animar (encher de alma, de vida) e motivar alguém a fazer algo. Por isso, ninguém é líder o tempo todo. Exercemos liderança em alguns momentos, em determinados assuntos, mas não a todos os momentos e em todos os assuntos. Liderança, portanto, é diferente de chefia, não é um cargo, uma função. Liderar é algo circunstancial, como bem lembrou Cortella.

Para sistematizar a explanação, o palestrante lembrou que a liderança deve se exercer em cinco competências essenciais:
1) Abrir a mente: devemos ver com humildade (Humildade é diferente de subserviência, alerta Cortella) que vivemos em um mundo de rápidas mudanças. E, mais do que isso, devemos estar preparados para essas mudanças.
2) Elevar a equipe: o bom líder é aquele que quer fazer toda a equipe crescer conjuntamente. Aquele que cresce às custas dos outros é oportunista, e não líder.
3) Inovar a obra: como vivemos em um mundo de rápidas mudanças, temos que inovar, aprender a fazer melhor e de outro modo.
4) Recriar o espírito: Seriedade não é sinônimo de tristeza. É preciso encarar o trabalho com seriedade, mas também com leveza, com compromisso e alegria.
5) Empreender o futuro: o verdadeiro líder, segundo Cortella, é aquele que consegue vislumbrar o futuro e direcionar para lá suas ações, ao invés de simplesmente consertar o presente.
Em poucos parágrafos fica difícil, é claro, resumir um tema tão rico. Mais difícil ainda seria tentar replicar a linguagem rica e bem-humorada de Cortella. Por isso, melhor do que prolongar esta tentativa de resumo, é sugerir a leitura de um de seus livros: Qual é a tua obra? Inquietações propositivas sobre gestão, liderança e ética, da editora Vozes.

Adriane Werner. Jornalista, especialista em Planejamento e Qualidade em Comunicação e Mestre em Administração. Ministra treinamentos em comunicação com temas ligados a Oratória, Media Training (Relacionamento com a Imprensa) e Etiqueta Corporativa.