Auto-estima dos poderosos

Nilton Romanowski

O comportamento de homem público – especialmente o não preparado para funções de comando – apresenta inequívocos sinais de exagero na auto-estima combinado com progressivo abuso, na medida em que se firma como “personalidade”.  Parece que a mordida do “bicho do poder” tem capacidade de soltar as amarras da moral, dos bons costumes, da ética e do bom senso. Homens sem desenvolvimento espiritual que atingem esse estado tornam-se praticantes de arrogâncias, prepotências, ridicularias, infantilidades, síndrome dos faunos e outras aberrações. Quem se destaca na política, por exemplo, na medida em que prospera nos comandos tende desenvolver uma “blindagem” que protege até aos áulicos, puxa-sacos, amantes e demais figuras do séqüito. Explica-se como uma tendência social, consagrada, porque ter “poder” significa ter dinheiro, vantagens, benesses, facilidades, etc.ou seja: tudo o que um “mau caráter” desejaria para prosperar na vida, sem fazer força. Para completar, como conseqüência do poder, desenvolve-se uma “área de perdão”, garantida pela permissividade social, que opõe grande resistência aos atos da justiça, empurrando os limites para muito além do razoável. Vem daí a mística do homem íntegro, “acima de qualquer suspeita”. Só que a durabilidade dessa dissimulação está encolhendo a cada dia.  

Caráter defeituoso
São as vitórias importantes que desnudam, para nós, alguns comportamentos normalmente menos visíveis da personalidade dos vencedores como, por exemplo, a exacerbação do próprio eu, a egolatria. Isso acomete aos de caráter mal formado ou aos que nunca antes gozaram de recompensas sociais esperadas e achadas merecidas, por feitos ou conquistas que – na ótica deles – tiveram importância extrema. A maneira pela qual a vitória foi conquistada não importa (aí estão os meios justificando os fins). Quando a alegria malsã for maior que a alma, os aleijados de caráter, defeituosos ou doentes nos surpreendem e também nos constrangem com demonstrações de “júbilo”, porque costumam ser destemperados. A sobriedade dos espíritos elevados é o sentimento que poderia calibrar-lhes a personalidade, retemperando-a.

O descomedido costuma ser loquaz e ridículo; tomado por certo tipo de alegria “infantil” ou retardada, causa danos ao próximo pelo desafino das manifestações de prepotência, arrogância e despudor. É fácil reconhecer gente assim na sociedade e na política.

Peti-pavês – calçadas perigosas
Vêm de longe os meus comentários  respeito do perigo que representam essas perigosas armas disponíveis nas vias e praças.  Todo o mundo sabe disso, menos os responsáveis pelos projetos onde essas pedras são sempre inseridas, como elemento básico. Parece que os cérebros pensantes em matéria de calçadas urbanas, em Curitiba, andam murchos. Na busca de motivos para essa “preferência” proponho investigar a razão que faz sobrepor peti-pavês ao bem-estar público. Na semana passada a juíza Josely Dittrich Ribas, da 3.ª Vara da Fazenda, de Curitiba, emitiu liminar suspendendo o uso desse material na reforma das calçadas da Avenida Marechal Deodoro, no Centro, atendendo pedido do MP. Fico satisfeito e gratificado ao ver Justiça e Ministério Público na defesa de incontestáveis interesses coletivos.  

Frase do Willyam Sheakspeare
“ …e passe a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhar adiante;  com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança…”

Esta coluna trata de assuntos sobre: Responsabilidade Social, Desenvolvimento Sustentável e cidadania.