Por Andrea Greca

Muitas pessoas se (e me) perguntam como surgem as tendências. Por que certos produtos, serviços ou ideias, de repente, viram febre? O que está por trás de fenômenos de venda? Há alguma força oculta que move as vontades do mercado? As dúvidas são várias e – felizmente – há respostas, se não para todas, para a maioria delas.

Tomemos como exemplo a morte de um artista. Quando Michael Jackson faleceu, em 2009, rapidamente seus álbuns entraram na lista dos mais vendidos nas principais paradas mundiais. Havia anos que Michael não vendia tanto, e logo tornou-se o artista mais rentável postumamente da história, ultrapassando Elvis Presley. Entre 2012 e 2013, MJ faturou 160 milhões de dólares, 45 milhões a mais que Madonna, a artista viva mais bem paga. A título de comparação, Elvis faturou 55 milhões nesse intervalo de tempo. Testemunhamos este ano outros dois exemplos clássicos do surgimento de uma tendência de consumo por um fator externo mapeável: as mortes de David Bowie, em janeiro, e de Prince, há dois meses. O falecimento de artistas, como comprovaremos novamente em números a seguir, costuma deflagrar ondas gigantescas, verdadeiros tsunamis, de interesse em suas obras. Tempos atrás era impossível mensurar esse fenômeno, hoje, porém, com o advento dos aplicativos de música e da avalanche de informações geradas pelos usuários (big data), os dados são contados e aferidos, proporcionando uma clara percepção do impacto desses acontecimentos nos resultados de vendas. É a monetização da morte – algo que pode parecer mórbido, mas é bastante comum na indústria cultural.

O caso David Bowie, por exemplo. Logo após a publicação da notícia que entristeceu o mundo na manhã de 10 de janeiro, o streaming de suas músicas no Spotify aumentou 2.822%, sem contar a conquista de 7 das top 10 canções mais baixadas no iTunes e todos os 10 top vídeos no mesmo aplicativo. Com Prince, foi parecido (mas diferente). Ele era contra o streaming e lutou ferozmente – e com relativo sucesso, é verdade – para evitar que suas músicas circulassem na internet.  Quem pesquisou, percebeu: não há quase nada disponível na rede. O que ocorreu, então? A venda das canções do artista saltou de forma brutal nos dias que seguiram sua morte: a coletânea The Very Best of Prince e o clássico álbum Purple Rain entraram imediatamente no top 100 da Billboard em 1o. e 2o. lugares, respectivamente. O primeiro vendeu 179.000 cópias e o segundo, 100.000. E não estamos falando de streaming, mas de venda.

Como vemos, há inúmeras forças (invisíveis ou não, mapeáveis ou não) que influenciam o comportamento de consumo das pessoas. Conhecer ferramentas eficientes para mapeá-las e explorá-las é fundamental para se diferenciar no concorrido mercado em que estamos inseridos. No curso intensivo de Coolhunting e Future Consumer Insights que coordeno na Redhook, falaremos sobre essas e outras metodologias de pesquisa e análise de tendências, viajaremos pelas principais macrotendências atuais e emergentes e mergulharemos, com especialistas convidados, em disciplinas como etnografia, netnografia, pesquisa digital, buyer personas, entre outras que ajudam a desvendar o intrigante e estratégico universo da pesquisa de consumo para inovação. Esperamos vocês na sala de aula!

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* Andrea Greca é jornalista, proprietária da Berlin Inovação e Tendências, ministra o curso ‘Coolhunting e Future Consumer Insights’ da Redhook School, professora e pesquisadora, pós-graduada em Coolhunting em Investigação Qualitativa de Tendências pela Universidade Ramón Llull, em Barcelona. Estudou Mídia de Moda no London College of Fashion, Jornalismo de Moda e Coolhunting na Central Saint Martins College of Arts & Design (Londres), além de Pesquisa e Análise de Tendências na Universidad de Palermo (Buenos Aires), ESPM e Observatório de Sinais (São Paulo), e Novas Metodologias de Pesquisa Qualitativa de Mercado na ABEP (Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa). Participou de cursos de Pesquisa de Tendências e Futurismo promovidos pelo Future Concept Lab (Itália) e Copenhagen Institute of Futures Studies (Dinamarca). Cursa, ainda, extensão em Psicanálise e Antropologia Social (A Clínica do Real – prof. Dr. Célio Pinheiro). É professora convidada de pós graduação em instituições como Fundação Instituto de Administração – FIA/USP, PUCPR, ESIC Business & Marketing School, UniCuritiba, UniSinos (RS), UniVali (SC) e ISAE/FGV. É membro da Qualitative Research Consultants Association (QRCA – Estados Unidos), ESOMAR (European Society for Opinion and Market Research) e Trends Observer (Portugal). Vencedora da 2014 QRCA Advanced Global Outreach Scholarship.