José Washington de Medeiros, superintendente de Informática da Itaipu Binacional, comemora a classificação da companhia, por meio de uma solução em software livre para o sistema de monitoramento de peixes no Canal da Piracema, como uma das cem empresas mais inovadoras do Brasil em 2015, segundo avaliação da IT Mídia, em conjunto com a auditora PricewaterhouseCoopers (PwC).
O prêmio “100 Inovadoras de TI” foi entregue no dia 17 de novembro, em São Paulo, durante a 3ª edição do IT Forum Expo. Itaipu concorreu na categoria Utilities e ficou na 34ª posição no ranking geral, à frente de gigantes como Petrobras, Caixa e Embraer (clique aqui para conhecer os vencedores).
O projeto foi desenvolvido pela Superintendência de Informática de Itaipu, a partir de demanda encaminhada pela Diretoria de Coordenação. Participaram do projeto o Instituto de Tecnologia Aplicada e Inovação (Itai) e o Centro Latino-Americano de Tecnologias Abertas (Celtab), do Parque Tecnológico Itaipu (PTI).
O executivo disse que o prêmio é considerado um dos mais importantes do Brasil na área de Tecnologia da Informação e a posição de Itaipu no ranking da IT Mídia reflete os esforços da equipe em desenvolver soluções inovadoras para diferentes áreas da empresa.
“Esse prêmio é um incentivo porque coroa os nossos projetos, as nossas parcerias, e faz com que continuemos investindo em inovação, buscando sempre fornecer tecnologias que agreguem valor ao negócio. E um dos grandes negócios de Itaipu, além da produção de energia, é o meio ambiente”, afirmou.
Sobre o projeto – O novo sistema começou a ser desenvolvido no final de 2013, após consulta da Divisão de Reservatório de Itaipu, responsável pela manutenção do Canal da Piracema e o monitoramento das espécies migratórias.
A bióloga Caroline Henn explica que o sistema atual, instalado em estações distribuídas pelo canal, contém antenas de radiofrequência que captam o sinal de peixes marcados com PIT-tag, minúsculos dispositivos eletrônicos. Porém, esses sinais hoje são enviados para equipamentos obsoletos, inadequados, e que não permitem atualização tecnológica.
Trata-se de laptops antigos, ligados a grandes fontes de alimentação, com uma quantidade imensa de fios e cabos soltos. Para acessar os dados, os biólogos têm de ir pessoalmente às estações, recolher as informações em pen-drives, e depois lançá-los individualmente em planilhas de controle.
Um dos maiores problemas é que, se há queda no fornecimento de energia, o sistema não apenas deixa de captar os sinais dos marcadores, como toda a informação armazenada nos laptops – e que ainda não foi copiada – é perdida.
“Por isso, uma vez por semana nós somos obrigados a ir a campo, até as estações, para fazer o download dos dados, testar as antenas, fazer todo o processo manualmente, para evitar o risco de passar um período muito longo sem registro”, comenta. Segundo ela, já aconteceu de um peixe ser registrado em uma estação e “desaparecer” na outra – ou seja, a energia caiu e o equipamento deixou de registrar os dados.
O analista Thiago Becker, responsável pelo projeto por Itaipu, disse que a solução encontrada foi desenvolver uma placa chamada “multiplexadora”, com capacidade para receber os sinais de até cinco antenas simultaneamente, em cada estação. Essa placa processa os sinais e os envia remotamente para um servidor, que faz a interpretação dos dados.
Desta forma, não haverá mais a necessidade de ir a campo gravar as informações em um pen-drive. Outra vantagem é que, se há queda de energia, o sistema é reiniciado automaticamente.
Na sequência, a equipe desenhou um protótipo para “encapsular” a placa, protegendo o equipamento de problemas como umidade, variação de temperatura e até a ação de animais. “Trata-se de uma caixa hermética, projetada para suportar ambientes hostis”, disse o engenheiro eletricista Evandro Bubiak, do Itai.
Esse protótipo já foi instalado e está em fase de testes na estação do dique de regulagem, na entrada do canal. Outros oito gabinetes estão em fase final de montagem no Itai para instalação definitiva nas quatro estações (metade ficará como peça sobressalente). “O Itai cuidou mais do projeto mecânico, elétrico, da integração do sistema e a montagem dos painéis, seguindo a documentação de Itaipu. A parte dos algoritmos, a inteligência embarcada, foi feita pelo Celtab”, pontuou Bubiak.
Crédito da foto: Itaipu.