José Antonio Campos Jardim / Cufa

A Cidade de Deus é um bairro localizado no Rio de Janeiro. A região abriga uma favela com o mesmo nome, considerada uma das mais violentas da capital fluminense. Em 2002, a comunidade ficou mundialmente famosa por causa de um filme de Fernando Meirelles, intitulado ‘Cidade de Deus’. O longa-metragem retrata os problemas sociais da região. As mesmas questões que levaram um grupo de jovens moradores da comunidade a criar, em 1999, a Central Única das Favelas (Cufa), uma organização não governamental.

Liderada pelo ativista social Celso Athayde, pelo rapper, escritor, ator e cineasta MV Bill e por outros “pensadores” da favela, a Cufa rompeu divisas e fronteiras e hoje está presente em todas as regiões do Brasil e em cerca de 20 países. “A favela é um grande celeiro de ações positivas, entendemos que este espaço de visibilidade é de suma importância para combatermos também o preconceito e marginalização das favelas”, afirma Isaac Santos, presidente da Cufa Paraná.

Uma das diretrizes da ONG é apoiar as favelas diante das ações já existentes, proporcionando mais visibilidade para os trabalhos desenvolvidos nas comunidades.

Dois projetos são os pilares da Cufa atualmente no Brasil. A Expo Favela Innvation reúne empreendedores das favelas para que possam apresentar ao mundo dos negócios ideias de tecnologias de impacto e inovação. O outro projeto é a Taça das Favelas, o maior campeonato entre favelas do mundo. No Paraná, aproximadamente 9 mil atletas participaram em 2022. A final, realizada no estádio da Vila Capanema, em Curitiba, foi assistida por 11 mil pessoas. O torneio acaba servindo de vitrine para os jovens conseguirem chamar a atenção de clubes profissionais. Um bom exemplo é o de Patrick de Paula, que, após se destacar em uma das edições da taça, foi contratado pelo Palmeiras e hoje é uma das estrelas do Botafogo (RJ).

Políticas públicas

Em um país tão desigual como o Brasil, as políticas públicas implementadas pelos governos federal, estaduais e municipais acabam, muitas vezes, não atendendo as necessidades das pessoas em situação de vulnerabilidade. Seja pela morosidade, seja pelo desconhecimento das diversas realidades regionais do país.

A ineficaz atuação dos órgãos públicos serviu de motivação para a Cufa agir aplicando as culturas locais e possibilitando o acesso ao esporte e à educação nas comunidades. No Paraná, por exemplo, a Central Única atendeu aproximadamente 25 mil mães solos com cestas básicas, chip para celular, gás de cozinha, materiais de higiene e limpeza, transferência de renda, entre outros. As ações foram maiores no período da pandemia do novo coravírus, entre 2020 e 2022.

“Posso dizer que muita coisa mudou, principalmente para os moradores da favela. Somos a maior política pública social dentro das favelas hoje. Ajudamos aos moradores na busca por seus direitos e por qualidade de vida como cidadão morador da favela”, diz José Antonio Campos Jardim, coordenador da Cufa – região Sul, que reforça a posição citando uma frase de Celso Athayde: “nesse lugar existe muita potência. Favela não é carência, é potência”.

“O trabalho em conjunto entre moradores de favelas e jovens voluntários é a base para construir uma América Latina mais justa e sem pobreza.”
Um dos lemas da Central Única das Favelas.

FICHA
Central Única das Favelas
Quando começou
: 1999.
Forma de atuação: Equipe própria e voluntários.
Quais são as ações praticadas: Cursos, apoio cultural e doação de cestas básicas.
Quantas pessoas atende: Milhares em todo o estado do Paraná.
Parceria com órgãos públicos: Sim.
Como colaborar: Aceita doações de alimentos, materiais de higiene e limpeza, entre outros. Ajuda financeira pode ser via Pix (a chave é o CNPJ da instituição – 08261148000191). A colaboração de voluntários também é muito bem-vinda. É possível entrar em contato com a Cufa Paraná por meio do perfil da ONG no Instagram (@cufa_pr).

O projeto Rede do Bem
Para comemorar os seus 40 anos, o Bem Paraná criou o projeto Rede do Bem, que vai reunir o perfil de 40 entidades e ONGs de Curitiba voltadas a ajudar causas relevantes para sociedade. Até a data do aniversário do Bem Paraná, no dia 17 de junho deste ano, serão publicados os perfis das entidades às quartas, quintas e sexta, com o objetivo de divulgar o trabalho e assim fomentar a participação da sociedade.