Hospital curitibano é referência no atendimento infantil via SUS

Pequeno Príncipe atende pessoas de 0 a 18 anos, mas vive de contribuições financeiras

Ricardo Medeiros

Lara de Jesus Santos, com a mãe, Raimunda: menina veio da Bahia para tratamento em Curitiba (foto: Divulgação / Hospital Pequeno Príncipe)

“Com um mês de vida, a Lara foi diagnosticada com anemia falciforme. Fazíamos o tratamento em nossa cidade, Salvador, na Bahia, mas como esse não estava fazendo efeito nos encaminharam para o Pequeno Príncipe. Minha filha tinha várias crises, ficava com a barriga e os dedos inchados e era internada com pneumonia ou infecção urinária. Também passou por dois AVCs [acidentes vasculares cerebrais]. Viemos de Salvador para fazer o transplante de medula óssea (TMO) e, quando chegamos em Curitiba, fizemos todos os exames, inclusive em meu filho mais novo, que foi o doador. Quando a medula pegou, teve até festa em comemoração. A sensação de saber que tudo deu certo não tem preço. Foi difícil, mas graças a Deus conseguimos vir para esta instituição maravilhosa. Encontramos todo o apoio aqui, o que foi bem importante. Todo o tratamento foi pelo SUS, nunca precisamos pagar nada, e foi tudo perfeito. A equipe médica é excelente. Os profissionais são ótimos, amorosos, experientes e conceituados. No início, fiquei com medo de ir em busca de tratamento em outro estado, mas Deus colocou pessoas muito boas em meu caminho.”

O depoimento acima é de Raimunda Jordão de Jesus, mãe de Lara, que com um mês de vida foi diagnosticada com anemia falciforme. Hoje com 13 anos, Lara segue em recuperação e vem para Curitiba para exames e consultas de rotina. Histórias como a da menina baiana são rotineiras no Hospital Pequeno Príncipe, instituição criada em 1919 e que trata da saúde infanto-juvenil.

A instituição é referência nacional em casos de média e alta complexidade, como transplantes de órgãos e de medula óssea, por exemplo, e isso faz com que receba pacientes de todo o país tanto nos atendimentos via Sistema Único de Saúde (SUS), convênios ou particulares.

O hospital atende crianças e adolescente de 0 a 18 anos e oferece 35especialidades médicas. Os serviços contam com suporte diário de profissionais de outras especialidades, de acordo com o procedimento e necessidade do paciente.

O Pequeno Príncipe é hospital de ensino desde a década de 1930 e forma especialistas em diferentes áreas de atuação desde 1972, quando oficialmente passou a oferecer residência. Cerca de 130 novos especialistas e pediatras são formados anualmente na instituição.

As contribuições financeiras são as mais significativas para a manutenção do hospital, mas a instituição recebe doações de materiais diversos. São alimentos não perecíveis utilizados no preparo das refeições, fraldas e leite em pó, roupas (para crianças, adolescentes, mulheres e homens), brinquedos (novos e usados), que são recebidos pelo Setor de Voluntariado, triados e separados conforme o encaminhamento que será dado.

A realidade da saúde brasileira é delicada, especialmente no caso de instituições filantrópicas como o Pequeno Príncipe. O setor vive com recursos escassos, falta de incentivos e subfinanciamento. Desde 1994, a tabela do SUS teve, em média, 93,77% de reajuste, enquanto o INPC teve um aumento de 636,07%. Para que possa continuar sendo referência, com foco em média e alta complexidades e garantir a equidade nos atendimentos, os apoios da sociedade são imprescindíveis.

Frase

“Os voluntários doam seu tempo e talento para proporcionar ânimo e conforto aos pacientes internados no Pequeno Príncipe e aos seus familiares, auxiliando, assim, no processo de recuperação. Eles são responsáveis pelas atividades de recreação e lazer realizadas nos ambulatórios, quartos, enfermarias e brinquedotecas, por exemplo.”

Ety Cristina Forte Carneiro, diretora executiva do Hospital Pequeno Príncipe.

FICHA
Hospital Pequeno Príncipe

Quando começou: Foi fundado em 1919.
Forma de atuação: Oferece 35especialidades médicas.
Público-alvo: Crianças e adolescente de 0 a 18 anos.
Parceria com órgãos públicos: Atende pacientes pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Como colaborar: As vagas para trabalho voluntário são abertas duas vezes ao ano. As novas oportunidades e a quantidade de vagas disponibilizadas, divididas por turno e local de atuação, são divulgadas no site para que a pessoa se candidate para realizar o processo seletivo. O segundo processo de seleção para trabalho voluntário em 2023 vai acontecer no dia 2 de outubro. O contato com pode ser feito pelo telefone (41) 3310-1253 ou pelo e-mail voluntariado@hpp.org.br.

O projeto Rede do Bem
Para comemorar os seus 40 anos, o Bem Paraná criou o projeto Rede do Bem, que vai reunir o perfil de 40 entidades e ONGs de Curitiba voltadas a ajudar causas relevantes para sociedade. Até a data do aniversário do Bem Paraná, no dia 17 de junho deste ano, serão publicados os perfis das entidades às quartas, quintas e sexta, com o objetivo de divulgar o trabalho e assim fomentar a participação da sociedade.