PARADA DA DIVERSIDADE LGBT DE CURITIBA 2016 PARADA GAY BEIJO (Foto: Franklin de Freitas)

Um levantamento da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) mostra que 131 pessoas trans foram assassinadas no Brasil em 2022. O documento revela ainda que 20 cometeram suicídio em decorrência do preconceito e por sofrer discriminação no país. Os números fazem parte do Dossiê: Assassinatos e Violências contra Travestis e Transexuais Brasileiras entregue no começo deste ano ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. Dos 151 casos coletados pela Antra, 65% foram motivados por crimes de ódio, com requinte de crueldade. Segundo o dossiê, a identidade de gênero é um fator determinante para essa violência.

A partir da abertura política no Brasil, principalmente após a Constituição de 1988, inúmeras entidades surgiram no país para chamar a atenção da sociedade brasileira para a violência praticada contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e intersexuais. Em Curitiba, o casal Toni Reis e David Harrad fundou em 1992 o Grupo Dignidade, a primeira organização não governamental no Paraná a atuar na área da promoção da cidadania da população LGBTQIA+. A ONG atende principalmente a Região Metropolitana de Curitiba, mas mantém atividades por todo o Paraná. De acordo com representantes do Grupo Dignidade, apesar dos muitos desafios que ainda enfrentam, houve avanços na garantia dos direitos civis ao público LGBTQIA+. Os avanços são tímidos, mas algumas vitórias foram marcantes, como quando em 2011, o Supremo Tribunal Federal (STF) passou a reconhecer a união estável entre casais do mesmo gênero como entidade familiar.

As ações da instituição se dão por meio de trabalhos voluntários. O Grupo Dignidade auxilia pessoas que sofrem ou sofreram humilhação, discriminação e/ou violência onde estudam. Oferece serviço de orientação jurídica, atendimento psicológico e de serviço social. Organiza campanhas para o combate ao preconceito, disseminação do uso da camisinha, luta contra a Aids e apoio à comunidade HIV/Aids, entre outras. “Conseguimos realizar os atendimentos e as campanhas por meio do trabalho voluntário, doação de recursos de pessoas físicas e jurídicas e com a participação de editais nacionais e internacionais”, afirma Lucas Dionisio, diretor administrativo da ONG.

Esperança

A luta diária contra a homofobia e pela garantia dos direitos civis ganhou um aliado. O governo federal criou no último dia 6 de abril o Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Queers, Intersexos, Assexuais e Outras (CNLGBTQIA+). O órgão é uma reformulação do antigo Conselho Nacional de Combate à Discriminação LGBT, extinto na gestão Jair Bolsonaro. O conselho vai acompanhar propostas legislativas que tenham implicações sobre a população LGBTQIA+, promover estudos, apoiar campanhas voltadas a esse público e receber denúncias de violações aos direitos destas pessoas.

“O fundamentalismo religioso é uma ameaça real aos direitos das minorias. O amor não é doença.”

Toni Reis, fundador e diretor executivo do Grupo Dignidade.

FICHA

Grupo Dignidade

Quando começou: A ONG foi fundada em 14 de março de 1992.

Forma de atuação: Voluntariado.

Quais são as ações praticadas: Orientação jurídica, atendimento psicológico e de serviço social.

Onde atende: Curitiba e região. Mantém atividades em todo o estado.

Parceria com órgãos públicos: Tem parcerias pontuais para eventos, encaminhamentos e políticas públicas.

Como colaborar: Aceita colaboração de voluntários. Os interessados podem entrar em contato pelo Instagram (@grupodignidade).

O projeto Rede do Bem
Para comemorar os seus 40 anos, o Bem Paraná criou o projeto Rede do Bem, que vai reunir o perfil de 40 entidades e ONGs de Curitiba voltadas a ajudar causas relevantes para sociedade. Até a data do aniversário do Bem Paraná, no dia 17 de junho deste ano, serão publicados os perfis das entidades às quartas, quintas e sexta, com o objetivo de divulgar o trabalho e assim fomentar a participação da sociedade.