
A pandemia do novo coranavírus causou a infecção de milhões de pessoas, provocou a morte de milhares e deixou sequelas na saúde de muitos brasileiros. A Covid-19 também obrigou governos a determinarem o fechamento de todas as atividades econômicas não essenciais. As crises humanitária e econômica agravaram ainda mais o caos social no Brasil, causando o fechamento de postos de trabalho e o aumento de casos de depressão e ansiedade.
Organizações não governamentais têm colaborado para amenizar o sofrimento de muitas pessoas pós-pandemia, que sofrem com a falta de renda e enfrentam efeitos de doenças e disturbios mentais que, em alguns casos, pioram com o coronavírus.
A Lucianas e Marias é uma dessas entidades. O projeto atende pessoas em situação de vulnerabilidade social, com depressão e ansiedade, encaminhadas por profissionais de saúde. “Atendemos pessoas dispostas a aprender e buscar renda por meio do artesanato. Acolhemos, ensinamos e acompanhamos por meio de encontros e oficinas”, diz Luciana Cortez, criadora do projeto.
Início
Luciana conta que a ideia começou em 2015 “sem pretensão de ser” um projeto. “Eu estava em um momento muito difícil, me recuperando de um sequestro-relâmpago. Resolvi sentar na garagem de casa pra crochetar quando uma menina gostou do meu trabalho e pediu para aprender. A partir dela vieram outras pessoas até que recebi um convite para utilizar o espaço na Unidade de Saúde Rio Bonito (no bairro Campo de Santana, em Curitiba)”, lembra. “Na época, eu divida os meus fios e agulhas com todos. Com o crescimento do grupo, isso se tornou impossível.”
Segundo Luciana, o marido dela teve a ideia de criar uma rede social e publicar imagem das pessoas e seus produtos, buscando incentivar voluntários e colaboradores. “Foi assim que apareceram voluntários e doações de materiais para artesanato que utilizamos em nossas oficinas.” O projeto abrange quatro regionais de Curitiba: Tatuquara, CIC, Portão e Boa Vista.
Mudando vidas
“No início do nosso grupo chegou uma mãe trazendo sua filha visivelmente abatida. Ela procurava ficar isolada e trazia sempre duas toalhinhas de crochê que repetidas vezes eram desmanchadas e refeitas. Perguntei a mãe dela o motivo. Ela contou que o crochê era para manter a cabeça da filha ocupada, pois tinha tentado o suicídio algumas vezes. Por não poderem comprar os fios, a menina mantinha esse ciclo de confecção e desmanche”, conta Luciana. Ela lembra que, com a situação, teve a ideia de pedir para a jovem ensinar a ela no encontro seguinte a fazer a toalhinha. “Comprei os fios para doar como forma de agradecimento e incentivo. Na semana seguinte, ela chegou bem diferente e disse que vinha porque a mãe trazia, mas que naquele dia tinha ido porque queria. Naquele dia, ela ensinou outras pessoas e sua transformação foi visível”, afirma Luciana. “Hoje, ela está recuperada e a sua mãe, que foi a primeira voluntária do projeto, é secretária na ONG.
“Acredito que o voluntariado é uma missão, pois nunca imaginei ser voluntária. Circunstâncias direcionaram para essa causa tão nobre que traz benefícios que o dinheiro não paga. Pprimeiro para quem se dispõe a ser, depois para quem recebe e, por fim, todos são beneficiados. ”
Luciana Cortez, idealizadora do projeto Lucianas e Marias.
FICHA
Lucianas e Marias
Quando começou: 2015.
Forma de atuação: Voluntariado.
Quais são as ações praticadas: Cursos de artesanato.
Quantas pessoas atende: O projeto atende moradores em situação de vulnerabilidade social e ocorre em quatro regionais de Curitiba: Tatuquara, CIC, Portão e Boa Vista..
Parceria com órgãos públicos: Não há. Só para o uso de espaço em unidades de saúde de Curitiba.
Como colaborar: O projeto aceita ajuda de voluntários e a doação de materiais para artesanato. Interessados podem entrar em contato por meio das redes sociais do projeto no Facebook e Instagram (@onglucianasemarias) ou pelo WhatsApp (41)99616-1505.
O projeto Rede do Bem
Para comemorar os seus 40 anos, o Bem Paraná criou o projeto Rede do Bem, que vai reunir o perfil de 40 entidades e ONGs de Curitiba voltadas a ajudar causas relevantes para sociedade. Até a data do aniversário do Bem Paraná, no dia 17 de junho deste ano, serão publicados os perfis das entidades às quartas, quintas e sexta, com o objetivo de divulgar o trabalho e assim fomentar a participação da sociedade.