Viveiro de espécies para preservação da Mata Atlântica: para SPVS, cenário é bastante desafiador (Reginaldo Ferreira)

Cerca de 70% da população brasileira vive à leste do território do país. Não coincidentemente foi pelas margens do Oceano Atlântico que chegaram os colonizadores europeus. Ali instalaram as primeiras cidades e suas capitanias. O avanço pelo então território habitado por povos originários provocou desmatamento e perdas à Mata Atlântica, uma das florestas mais ricas em diversidade de vida no planeta e que abrangia na época da chegada dos portugueses 1.315.460 km² ou 15% do território brasileiro. Quinhentos e poucos anos depois, restam apenas 7% desse que é um dos grandes biomas brasileiros. De acordo com o Censo do IBGE de 2014, 145 milhões de habitantes moravam em áreas que antes faziam parte da Mata Atlântica. População essa distribuída em 3.429 municípios, equivalentes a 61% dos existentes no Brasil.

O Paraná é um dos estados que reúne ainda o mínimo que sobrou da Mata Atlântica no Brasil e no mundo. Grande parte dessa manutenção se deve ao trabalho de organizações não governamentais surgidas nas últimas décadas do século passado, que, ao colocar a “mão na massa”, conseguiram desenvolver projetos de preservação para o bioma. Um exemplo é a iniciativa voltada a conservação desenvolvida pela Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) com a Grande Reserva Mata Atlântica, trabalho realizado em parceria com outras organizações, e que envolve o maior contínuo de Mata Atlântica bem conservado ainda existente no país. São mais de 2,7 milhões de hectares entre os estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina.

Vale lembrar que em 1988, a Constituição Federal reconheceu a Mata Atlântica como um patrimônio nacional. De acordo com informações do Ministério do Meio Ambiente, existem cerca de 20 mil espécies vegetais, 849 espécies de aves, 370 espécies de anfíbios, 200 espécies de répteis, 270 de mamíferos e aproximadamente 350 espécies de peixes na Mata Atlântica, bioma composto por um conjunto de florestas e ecossistemas.

Proteção de áreas naturais

A SPVS foi fundada em 1984, em Curitiba, por um grupo de jovens que atuavam no Museu de História Natural do Capão da Imbuia e que queriam ampliar suas ações no campo da conservação da natureza. A instituição mantém seu propósito de trabalhar pela conservação da natureza por meio da proteção de áreas naturais, de ações de educação ambiental e do desenvolvimento de modelos para o uso racional dos recursos naturais. “O cenário segue bastante desafiador para incluir a conservação na agenda de prioridades da sociedade, a despeito das muitas evidências que demonstram essa necessidade”, afirma Clóvis Borges, diretor executivo da SPVS.

A ONG tem sua principal área de atuação localizada no maior remanescente contínuo de Mata Atlântica e de seus ecossistemas associados, na região Sudeste-Sul do Brasil, entre os estados do Paraná, e as porções sul do estado de São Paulo e norte de Santa Catarina.

Frase

“Usando o conceito de ‘produção de natureza’ e de ‘economia restaurativa’ a narrativa da iniciativa Grande Reserva Mata Atlântica agrega hoje centenas de participantes ativos e busca sustentar o desenvolvimento regional e a geração de empregos e renda, em especial para as populações locais, a partir da boa conservação, protegendo paisagens naturais exuberantes e espécies emblemáticas da fauna, além do patrimônio cultural e histórico da região.”

Clóvis Borges, diretor executivo da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS).

FICHA

Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS)
Quando começou: Em novembro de 1984
Forma de atuação: Equipe própria.
Quais são as ações praticadas: Projetos de preservação ambiental.
Público-alvo: Sociedade civil em geral, comunidades locais e tradicionais, comunidade científica, poder público e corporações.
Parceria com órgãos públicos: A SPVS realiza parcerias tanto com órgãos públicos e governamentais. A exemplo disso possui cooperação firmada com prefeitura de Curitiba e Antonina, assim como órgãos como IAT, ICMBio, BPAmb e UFPR, dentre outros.
Como colaborar: Para conhecer mais o trabalho da entidade e colaborar com os projetos da ONG, os interessados podem acessar o site www.spvs.org.br ou enviar e e-mail para [email protected].