A tela agora é maior e pode ser girada, facilitando a leitura, mas o Kindle continua a mostrar fotos em preto-e-branco e a ser mais voltado para textos. Com essas melhorias e limitações, será que já consegue reproduzir a mesma sensação visual e tátil de folhear um livro ou jornal? Para designers consultados pela reportagem, ainda não. Mas, no futuro, aponta para colocar um ingrediente multimídia em obras antes mais estáticas.
João Batista da Costa Aguiar é designer e responsável por capas de livros para editoras como Companhia das Letras e Objetiva. Para ele, além da questão de não se saber mais qual livro as pessoas leem, quando a capa física se perde, fica mais difícil ser surpreendido por um livro.
“As capas são feitas para chamar a atenção nas livrarias Uma capa legal pode fazer você comprar um livro que nunca havia imaginado. Comprar digitalmente uma obra não é a mesma coisa. A capa não chama a mesma atenção”, diz. “Além disso, no livro, há a sensação tátil, o cheiro de tinta. Quem gosta de livros vai sempre comprar livros”, assegura.
Elaine Ramos, diretora de arte da Cosac Naify, uma das editoras brasileiras mais caprichosas no quesito design, não é tão enfática. Ela afirma que, hoje, aparelhos como o Kindle ainda têm limitações que colocam o livro impresso na dianteira em possibilidades gráficas, embora não diga que um seja melhor que o outro. Porém, acredita que, no futuro, o e-reader trará mais possibilidades.
“Acredito que será possível, por exemplo, ter trechos de filmes nos livros, o que não dá no impresso”, diz. ” O papel é mais perene, seja por uma questão de custos ou ecologia. O livro impresso deve ficar para um nicho.”
Na área jornalística, um dos focos do Kindle nesta nova versão, as questões gráfica e tátil também trazem ressalvas. Para o editor de arte do jornal “O Estado de S.Paulo”, Fábio Sales, isso se traduz em diagramação e hierarquização – no papel, as notícias mais importantes vão no alto, para o leitor saber o que é mais relevante.
“Com o bombardeio cada vez maior das pessoas à publicidade, o design gráfico tornou-se fundamental. Os jornais usam cada vez mais infográficos. E tanto a hierarquização como os gráficos se perdem neste tipo de aparelho. Mas acredito que essas questões serão resolvidas.”