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‘Fui a uma festa GLS. É muito divertido!’ Em quem se inspirou para fazer o Roni? Não foi em alguém específico. Vi vários filmes e documentários, pesquisei vídeos na Internet e também fui conversar com promoters que conheço. É a favor do beijo gay na TV? Particularmente, não vejo problema. Mas, entendo que a televisão aberta no Brasil dialoga com grandes massas, com o senso comum. É essa massa que dita a audiência de um programa de TV e consequentemente seu sucesso. Por isso, acho que poderia assustar um pouco. Mas, tudo que é diferente do que estamos acostumados choca no início e, com o tempo, torna-se menos polêmico. Gostaria de protagonizá-lo? Sou ator e, portanto, estou à disposição do que o autor propõe para o personagem. Fez que tipo de laboratório para compor o personagem? Fui a algumas festas e conversei com os organizadores. Prestei atenção em como se produz uma festa, desde a etapa do conceito até a recepção dos convidados. Pesquisei a função e como se sente um profissional desta área. As responsabilidades, os pontos fracos, os anseios e as dificuldades. É um mundo ao qual estava familiarizado, uma vez que nós atores somos sempre convidados para festas, eventos e trabalhos. Foi a alguma boate gay? O que achou? Fui a uma festa GLS. É divertido. Como para qualquer outro papel, observo. Na festa, busquei gírias e trejeitos. Tem medo de ser agredido nas ruas por alguém que confunda você com o Roni? Já ouvimos histórias de atores interpretando vilões que foram agredidos na rua. Receio que as pessoas radicais em suas convicções possam atrapalhar a discussão e as conquistas que a sociedade teve ao longo desses anos. Mas o meu trabalho não muda. E o Roni é um personagem maravilhoso. Estou muito orgulhoso. Já sentiu algum tipo de preconceito por interpretar um gay? Não, e se existe, é preconceito velado. Recebo mensagens carinhosas o tempo todo. Como tem sido a reação do público? Ótima! Aumentou o assédio, naturalmente. Crianças, mulheres, homens de todas as idades vêm tirar foto e cumprimentar. O público parece gostar de personagens mais cômicos. Rola uma química muito boa entre você e Deborah Secco. Como é essa parceria dentro e fora de cena? A Deborah me recebeu de braços abertos. Conversamos sobre as cenas, sobre a verossimilhança dos personagens com a vida real, sobre tudo. Ela é divertidíssima e muito disciplinada. Estou aprendendo muito com ela!. Já recebeu cantada de homem? Como reagiu? Já aconteceu (risos). Levo numa boa. O que acha de figuras públicas, como Ricky Martin, assumirem publicamente sua homossexualidade? Acho importante a questão da homossexualidade ser tratada cada vez com mais naturalidade por pessoas públicas de qualquer que seja a área, como a TV, o cinema, o esporte, a política, etc. Isso ajuda a desmitificar o assunto. Não acho que ele devesse explicações sobre isso, mas, já que ele diz que se sentiria melhor contando, acho ótimo que o tenha feito. Gilberto Braga já afirmou que prejudica a imagem do ator revelar que é gay. Você concorda? Ser gay, negro, branco não deveria ser mais importante que o seu trabalho ou a qualidade dele. É a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo? Com certeza. Todo mundo tem mais é que ser feliz. É um direito. Se te convidassem, posaria nu? Não!.
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