Bel Kutner quer final feliz para Joana e Luciano em “Amor à Vida”

Fora das telinhas, Bel se dedica à família. Seu filho, Davi, de sete anos, tem síndrome de esclerose tuberosa e autismo e o pai Paulo José, luta contra o Mal de Parkinson

Bem Paraná

Até que ponto uma pessoa é capaz de aturar as mentiras de um companheiro por amor? Na novela Amor à Vida, a enfermeira Joana (Bel Kutner) tem dado provas que o limite do sentimento é extenso. Apaixonada por Luciano (Lucas Romano), a personagem chegou até a confessar à mãe do rapaz que não liga em ser explorada financeiramente pelo estudante de Medicina. E a intérprete da personagem vislumbra um possível final feliz para o casal. “Eu acredito que eles possam ficar juntos, se em algum momento o que eles têm de bom superar as diferenças”, opina a atriz.

“Vejo a Joana como muitas pessoas que, apesar de saberem que a relação não é equilibrada, aceitam tudo para ficar junto do seu objeto de paixão. Só que uma hora a situação fica insustentável”, pondera Bel Kutner.
Amor à Vida é mais um sucesso na carreira da atriz, que acumula quase três décadas de personagens complexos na teledramaturgia. Filha dos atores Paulo José e Dina Staf, Bel passou a atuar frente às câmeras ainda criança, em especiais e minisséries. O primeiro papel veio em Corpo Santo (1987), novela da Rede Mancheteque contava ainda com Reginaldo Faria, Christiane Torloni, Maitê Proença e José Wilker.

Na TV Globo Bel participou de sucessos como Bebê a Bordo (1989), Vamp (1991), Olho no Olho (1993), Sex Appeal (1993), A Favorita (2008) e O Astro (2011). Sua última atuação antes de Amor à Vida foi em Gabriela, onde deu vida à submissa Marialva. “Ela era movida pelo medo. Repetia na filha o mesmo horror que havia sofrido”, relembra.

Fora das telinhas, Bel se dedica à família. Seu filho, Davi, de sete anos, tem síndrome de esclerose tuberosa e autismo e ela também enche de carinho o pai, Paulo José, que luta contra o Mal de Parkinson.

Como você avalia o interesse do Luciano pelo dinheiro da Joana?
Bel — Como já gravamos mais do que foi ao ar, posso adiantar que teremos algumas surpresas por aí nesse sentido. Mas, em minha opinião, vejo a Joana como muitas pessoas que, apesar de saberem que a relação não é equilibrada, aceitam tudo para estar junto do seu objeto de paixão. Só que tem uma hora que a situação fica insustentável. Aí, é uma questão de autoestima.

Você acredita que eles possam ficar juntos no final da novela?
Bel — Sim, se em algum momento o que eles têm de bom superar as diferenças.

Você se inspirou em alguém para compor uma enfermeira?
Bel — Eu conversei com enfermeiros, médicos e fizemos visitas a hospitais. Temos também um suporte de profissionais da saúde no estúdio, para buscarmos o máximo de realismo nas cenas. Passei a admirar ainda mais essas pessoas que se dedicam a cuidar dos outros.

Seu filho Davi sofre de autismo. Como você avalia a atuação de Bruna Linzmeyer como a Linda?
Bel — Excelente. A Bruna realmente mergulhou fundo nesse universo autista. É uma atriz maravilhosa.

Você vê uma função social na novela ao abordar o autismo?
Bel — Claro, as pessoas passam a saber mais sobre a realidade dessas famílias, e de como uma abordagem correta pode ajudar o desenvolvimento e equilíbrio dos autistas. Muita gente começou a ver que não é vergonha nenhuma levar suas crianças para as escolas, por exemplo. Aliás, inclusão é lei!

E vão descobrir os crimes do hospital?
Bel — Realmente não sei! Espero que sim (risos).

Você estreou em Corpo Santo (1987), da Rede Manchete. Tem alguma lembrança especial dessa novela?
Bel — Na verdade, fiz várias coisas antes de Corpo Santo. Desde pequena, meus pais levavam minhas irmãs, primos e eu para fazer as cenas que precisavam de crianças. Então, eu participei de minisséries, casos especiais, publicidade… Nem sei o que veio primeiro!

Apesar de você ter uma relação com o humor, seus últimos personagens foram bastante dramáticos. Como é isso?
Bel — São departamentos diferentes, mas o importante é comunicar alguma coisa ao público. A Marialva de Gabriela, por exemplo, era movida pelo medo. Aquela mulher era tão oprimida que repetia na filha o mesmo horror que havia sofrido. Mas foi um trabalho muito emocionante dentro do universo do Jorge Amado

Tem algum personagem preferido que seu pai tenha feito no cinema ou na televisão?
Bel — Todos (risos). Sou fã do jeito que ele faz as coisas, com muita verdade e amor pelos personagens. Ele é um clown, romântico e gauche. Sempre inteligente.

E da sua mãe?
Bel — Minha mãe era uma guerreira. Impossível não lembrá-la no filme Macunaíma.

O que aprendeu com ela?
Bel — Na intimidade, ela era muito estudiosa e dedicada. Buscava aprofundar todas as ideias para colocar em prática na cena. Aprendi a ser disciplinada com ela.

Tem algum personagem ou autor com o qual gostaria de trabalhar?
Bel — Gostaria de trabalhar com o (diretor e cineasta) Guel Arraes. Acho que todo ator de televisão deseja isso. E também com o Miguel Falabella. Adoro Pé na cova, é muito doido.