Antes de viver o indeciso Raj de “Caminho das Índias”, Rodrigo Lombardi começou timidamente na Globo, em “Bang Bang”, em 2005. Depois fez “Pé na Jaca”, em 2006, e “Desejo Proibido”, em 2007. Agora, comemora o primeiro papel grande na TV, pensado para ele por Glória Perez.

Acha que caiu nas graças de Glória Perez?

RODRIGO LOMBARDI – Nossa, eu acho que é resultado de um trabalho. Aqui se planta, aqui se colhe. Eu tive a sorte de cair na Globo, quarta maior emissora do mundo. Fiz bons papéis de uma maneira honesta, nunca tive vergonha de perguntar as coisas. Levando a carreira dessa maneira tudo é possível.

O que acha do Raj?

RODRIGO LOMBARDI – A gente ainda está se acertando, na verdade. O Raj é sério, um homem de palavra, mas o personagem ainda está ganhando corpo. Agora é hora de costurar, limar, concertar.

Como recebeu o convite para ter um papel maior?

RODRIGO LOMBARDI – Recebi um telefonema da autora. Ela disse que já vinha pensando em mim. Puxa vida, ela já estava pensando em mim e eu nem sabia. Quando chega o texto, e começo a decorar fico mais empolgado por saber que aquilo foi feito para mim. Chegar no set e ver todo aquele cenário montado para o seu personagem é gratificante. Eu pego tudo isso para me ajudar nas gravações. É uma coisa bem Poliana. E mais: o mote é muito bom, os três protagonistas têm o mesmo drama, com duas situações, em breve, a terceira.

Mas sente um “peso” por agora ser protagonista?

RODRIGO LOMBARDI – A responsabilidade é dividida igualmente entre os atores, os técnicos, o autor e a direção. É assim como me sinto como protagonista e é assim que me sinto como coadjuvante.

Como é o clima no set?

RODRIGO LOMBARDI – A gente é bem unido. Nessa novela tem muito palhaço. Mas na hora de gravar é um silêncio impressionante. Tem todo o tipo de humor. O próprio Tony [Ramos] é tão bem-humorado. Só não perde para o Osmar Prado e o Danton [Mello].

E você é bem-humorado?

RODRIGO LOMBARDI – Eu sou sério, mas, na vida real, sou um palhaço. Às vezes, sou expulso pelas pessoas. (risos) Eu estou sempre, o tempo todo, fazendo brincadeiras. Mas, no trabalho, eu sou muito caxias. Escolhi isso para fazer na minha vida, então gosto de fazer bem feito, ou pelo menos, ficar satisfeito. Mas eu sou um fanfarrão.

É ruim ter de ficar regravando cenas da novela?

RODRIGO LOMBARDI – Eu sou muito disperso, e como cada cena envolve muita gente é normal ficar, às vezes, um pouco perdido, distraído. Uma bobeira qualquer provoca dispersão da equipe, mas isso é normal, é como no teatro. Tem horas em que a repetição seguida acaba resultando numa cena não muito boa, mas eu encaro numa boa quando chegam em mim e pedem para refazer. Isso é a arte, aprender, fazer o melhor e repetir. A novela é muito técnica e tudo tem de estar perfeito. Por isso, um ator não pode ficar preocupado em repetir.

Ficou chocado com alguma coisa na viagem para a Índia?

RODRIGO LOMBARDI – Nada. Nada me choca. A gente estudou dois meses justamente para não se chocar com nada. Eles nos soltaram na Índia, nós tínhamos de lidar com os elefantes, com toda aquela bagunça. O que eu trouxe de lá foi o olhar do indiano. O indiano preza certos valores que a gente perdeu com relação à família. Hoje em dia, o idoso é um encostado, e o indiano vê isso totalmente ao contrário. O respeito lá não é por medo, é por admiração pelo mais velho. Sou muito família.

Aliás, você foi pai recentemente, como tem conciliado a família com o trabalho?

RODRIGO LOMBARDI – Pois é, eu fiquei grávido, digamos assim. Em ‘Pé na Jaca’ nasci, em ‘Desejo Proibido’, vim ao mundo, e agora estou crescendo em ‘Caminho das Índias’. Meu filho tem um ano, ainda não dá para ele entender os dias que chego tão tarde. Mas tenho certeza de que, mais pra frente, ele vai compreender.

Quando chega em casa ainda vai estudar os textos?

RODRIGO LOMBARDI – A gente tem gravado por ordem de cenário. Então, às vezes, ficamos por dias folgados, então estudo. Graças a Deus, a novela não é uma empresa.

E o que faz nas folgas?

RODRIGO LOMBARDI – Eu fico dormindo. Eu ando numa bateria muito pesada, são três anos de Globo e a quarta novela. Então, quando posso descansar, dedico o meu tempo ao sono.

Já pode se dar ao luxo de recusar convites?

RODRIGO LOMBARDI – Nunca recusei um trabalho na TV, só no teatro. Não sei se mais pra frente isso pode vir a acontecer. Mas eu sempre levo em consideração com quem vou trabalhar. Gosto de trabalhar com boas pessoas, assim os papéis se desenrolam melhor Nunca critiquei um papel.

E como tem sido a recepção de Raj nas ruas?

RODRIGO LOMBARDI – Como estou gravando demais, tenho saído pouco. Mas as pessoas já estão comentando. Não sei se é porque estou em cena, ou porque engatei trabalhos seguidos.