Sam Shepard é como beber um uísque no deserto, diz Mário Bortolotto

Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A obra de Sam Shepard é feita de uma poesia seca, como se tomássemos um uísque no deserto, opina o diretor e dramaturgo Mário Bortolotto, que encenou duas peças do americano.
Ator e dramaturgo, Shepard morreu no último dia 27, aos 73, em em decorrência de uma esclerose lateral amiotrófica.

Veja a repercussão:
“Eu fiz duas montagens dele, “Criança Enterrada” e o “Oeste Verdadeiro”. Eu sou fissurado na obra dele há muito tempo, eu leio desde que o primeiro saiu no Brasil pela LPM, o ‘Crônicas de Motel’. E hoje tenho todos os livros. A obra dele tem sempre essa questão da família, do pai e essa poesia árida, seca. Como se estivesse tomando um uísque no deserto. As pessoas esquecem que é poético. O que eu sempre gostei dele foi isso, essa poesia que não se mostra rapidamente, você precisa mergulhar nela para entender, porque ela é muito seca. Eu gostava muito dele como ator também, desde que eu vi ‘Os Eleitos’. E depois os outros filmes que ele fez, ‘Loucos de Amor’ Acho que ele é inclusive daqueles atores que envelhecem e vão ficando melhores.”
Mário Bortolotto, dramaturgo e diretor

O ator Don Cheadle publicou em seu Twitter: “Literalmente esbarrei em Sam Shepard há muitos anos, quando nós dois fomos ver ‘Pillow Man’ na Broadway. Tivemos uma grande conversa/caminhada #heroi”.

Ava DuVernay, que trabalhou com Shepard em “Cinzas do Paraíso” (1978), tuitou uma imagem de ambos nos bastidores do filme: “Sempre que surgia na tela, sabíamos que estávamos em boas mãos”.

“Um herói do teatro. Um herói da escrita. Um herói da interpretação. Meu herói”, disse Nikolaj Coster-Waldau, o Jaime Lannister de “Game of Thrones”

Antonio Bandeiras lembrou da morte de Shepard e da francesa Jeanne Moreau. “Obrigado por nos iluminar a 24 frames por segundo”, escreveu.