Selma salva vida das preconceituosa Gabi

Menina sofre de leucemia e é Selma quem faz a doação da medula

Agência Estado

E o tema do preconceito racial segue forte em “Páginas da Vida”. A
pequena Gabi (Carolina Oliveira) não se conforma que o pai Lucas (Paulo
César Grande) casou-se com Selma (Elisa Lucinda), uma belíssima negra.
A menina e sua mãe, Angélica (Cláudia Mauro), que de angelical só tem o
nome, são as maiores racistas, estão morando de favor na casa de Selma
e ainda tratam muito mal a coitada.

Mas o autor Manoel Carlos já prepara uma grande mudança nesta situação,
que deve começar nos próximos capítulos de “Páginas”. A menina, que
vive adoentada, fraquinha, levará um choque quando os médicos
diagnosticarem que ela sofre de leucemia. Os pais, atônitos, darão
início a uma cruzada para encontrar um doador compatível, já que ambos
não o são. Quem salvará Gabi acabará sendo mesmo Selma, a única que tem
compatibilidade para permitir o transplante de medula.

Entrando no túnel do tempo, verificamos que este não é exatamente um
gancho inédito na teledramaturgia brasileira. Em 1984, na novela “Corpo
a Corpo”, o autor Gilberto Braga usou uma idéia bastante semelhante
para discutir o preconceito contra os negros.

Era assim: Alfredo (Hugo Carvana) era um ricaço que não se conformava
em ver o filho Cláudio (Marcos Paulo) envolvido com uma negra, Sônia
(Zezé Motta), que sofre com as humilhações do sogro. Mais tarde, ela
seria a única a poder doar sangue para Alfredo, salvando sua vida.

Mas isso não significa que Maneco “copiou” a idéia. Os temas das
novelas são quase sempre recorrentes (traições, amores proibidos etc.)
e o importante é a forma como as tramas são contadas, reciclando o
gênero e permitindo a sua longevidade. Do contrário certa está a tese
do ator Lima Duarte, quando diz que “há 40 anos estão contando a mesma
história”.