Puxem da memória. O governo Lula estava prestes a regulamentar os
bingos, em 2005, que já funcionavam à base de liminares, quando o
assessor da Casa Civil, Waldomiro Diniz, foi flagrado por câmera oculta
negociando com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. Pronto. Baixou o
moralismo no governo Lula. De uma hora para outra, 300 mil empregos
viraram pó e um negócio que poderia arrecadar R$ 600 milhões em
impostos anuais aos cofres do governo foram por água abaixo.

Àquela altura, diga-se, havia mais de 1.200 casas de bingo em
funcionamento nos vários estados do país. Exceção feita ao Paraná de
Requião, que durante a campanha de 2002 havia mandado emissários a uma
reunião com donos de bingos em que se discutiu doação de R$ 200 mil e,
eleito, posara de adversário figadal dos jogos de azar.

Nas operações Hurricane e Têmis – repare, o número de operações da PF,
mesmo em grande volume, continua sendo inversamente proporcional à
criatividade dos agentes públicos para surrupiar os cofres da nação –
estigmatizou-se o juiz feito corrupto por ação dos corruptores. E eles
eram bingueiros e banqueiros. Do bicho, bem entendido. Os homônimos
continuam benquistos.

Passou ao largo o fato de que o agente corrupto, ainda que ungido da
toga, não precisaria de motivo extra, além do vil metal, para
corromper-se. E este podia ser o jogo do bingo, a casa de massagem, a
igreja do mundo de lá, a empresa do mato adentro. Corrupto é corrupto
ponto.

As “otoridades” brasileiras gostam de discutir o efeito colateral.
Mata-se um menor de forma vil e discute-se a maioridade penal quando
deveria discutir-se a impunidade, esta sim uma praga social. Prende-se
um juiz por vender liminares e culpa-se o bingo, a loteria, a tômbola,
a víspora de paróquia. Ora, quem é mais culpado, o bingo que funcionava
por decisão precária da Justiça ou o governo que se exime de
regulamentar o jogo ou proibi-lo de uma vez.

No rastro das prisões e do espetáculo da mídia que ganham um novo
personagem a cada semana, um jornalista escreveu, em tom de
brincadeira: “Sou a favor dos bingos. Afinal, sem eles o que minha avó
irá fazer nas tardes?” Nem é o caso. Mas se o jogo surge com uma
carranca horrível para um governo que admite o cuecão, o dinheiro
não-contabilizado, mas não admite que alguém aposte suas moedas em uma
cartela, basta controlar o bingo, legalizá-lo, fiscalizá-lo e, para
deleite do leão, tributá-lo. Ainda mais que é possível aferir as
máquinas e nela inserir até o percentual de chances para que o jogador
ganhe da casa.

Na minha modesta opinião, o bingo não é um bicho de sete cabeças. E, olha, pode garantir a alegria das nossas vovós.

Genético
Nunca o dito “filho de peixe peixinho é” definiu tão bem uma linhagem
como a de João Alves, ex-anão do Orçamento e “sortudo” da loteria. O
filho de João Alves, não por acaso João Alves Filho, ex-governador de
Sergipe, está sendo investigado na Operação Navalha. O neto de João
Alves, não por acaso João Alves Neto, foi preso.
Festerê
A viagem de Requião ao Japão provocou efeitos visíveis na Escolinha de
ontem. Para driblar o vazio das cadeiras, as câmeras da TV Educativa
fecharam apenas nas primeiras fileiras. Nem assim, a modorrência
escapou aos olhos. O secretário Delazari, por exemplo, foi flagrado em
pleno e longo bocejo. E nem disfarçou.

Happy End
A blogueira Rosane Hermann já deu a letra. Washington Muniz, o Ceará,
viajou a Los Angeles atrás de Silvio Santos e conseguiu que ele
autorizasse o uso de seu nome por mais dois anos. O “Pânico” vai fazer
novela até domingo.

Parem as máquinas
“Após separação, Viviane Araújo (ex-Belo) vai ao cinema”. Se ela pelo menos tivesse matado a família…


Em família
Diretora-geral da Casa Civil, Jussara Gusso pendurou dois filhos no
governo. Marco Aurélio foi nomeado na Secretaria de Administração.
Cláudio César na Paraná Esporte. Claro que não é nepotismo. É mérito.
Caso idêntico de Tatiana Cruz Bove, esposa do secretário da Casa Civil.
Ela acaba de ser nomeada para o Conselho de Administração da Sanepar. Ô
gente aguerrida.




ARREMATE

Lula descobriu que a cerveja tem álcool. Brasileiros, as esperanças se renovam.



OBLADI-OBLADÁ

O vereador Jair
Cézar disse que não perderá a presidência municipal do PTB. Afirmou ter
conversado com Rodrigo Martinez sobre o assunto e que ele teria negado
qualquer intenção de assumir o cargo. Cézar deixou bem claro no
encontro: se isso acontecer, sairá do partido. *** O PDT, o segundo
maior partido da Câmara de Curitiba com uma bancada de cinco membros,
poderá emagrecer nas próximas semanas. Dois vereadores estão
conversando com outras legendas e já admitem deixar o partido para
terem chance de reeleição no próximo ano.