Vovô me deu a honra ontem em sua coluna. Assim caminha a humanidade.
Fui incluído no rol dos chatos fiscalizadores de cronistas (os da vida
imundana).

“Hoje, temos chatos de novos tipos. Mas os piores, sem dúvida habitam a
política e os seus arredores, inclusive a crônica, onde surgiu o chato
fiscal dos cronistas, aquele que se corrói de inveja e é incapaz de
produzir algo que vá além da mediania, derrama sua bílis sobre os que
têm talento”.

Talento para quê, vovô? Nem me arrisco a responder. Já me bastam os
processos que se acumulam de gente desclassificada, canalhas menores,
apedeutas de quinto escalão a se esbaldarem com o meu, o seu, o nosso
dinheiro. Basta ter uma boa “idéia” não é mesmo? Hahaha.

Ao distinto público que não entendeu patavina do que se disse até
agora, explico. Vovô sorveu, papou, engoliu, deglutiu, triturou, bebeu,
lambuzou na manus do governo (qualquer governo) e agora, que lhe tiram
a cuia, ei-lo profano, herege, necrófilo. Haja engov.

Faz-se xenófobo contra os chatos de fora. Quer reserva de mercado para
os chatos de província. Aqui com maná adubando dá.  Espécime afagus
afagabus da pena cortesã. Que faz do homem público o angu publicado. O
Arlequim de Goldoni, servidor de dois amos. Assim é se lhe parece.

Talento de hiena velhaca. Talento de urubu de papo amarelo. Onde é que
me faz inveja? No merdoso kitsch, na ante-sala do poder? Quem sabe
fincado no paraíso na terra, onde é paranaense de pés no chão. E mãos
também. Ode ao híbrido do jornalista que nunca foi e do escritor que
nunca será. Ode ao vermelho, mas só de raiva. E ao amarelão ideológico.

Eu, cronista, que nada. Aqui, nesse botequim, tem bílis, tem fígado sim
senhor. É pau, é pedra, é fogo e fezes. Trovador só da genitora alheia.

Dize-me com quem andas e te direi quanto és. Todo homem tem seu preço.
Quem viver, verá. Ei vovô, quem mastiga clichê? Eis um deslumbrado
metafísico, um mendigo de coroa, um cadáver insepulto da imprensa de
dobradiças nas vértebras. Talento o vovô tem sim. Habilidade a toda
prova. Mas é maestro em não largar o osso. Ei Requião, que menestrel
porreta!


Teje avisado
O secretário de Imprensa do governo, Benedito, o Pires (R$ 11,9 mil
mensais), baixou ordem expressa. O jornal “Gazeta do Povo” está vetado
no clipping. O não cumprimento do dispositivo acima é passível de
punição.

Vixe
Requião recebeu mensagem cifrada de um empresário. A próxima pedrada
vai cair no telhado de vidro da Assembléia Legislativa – se é que o
governador entende.

Sem ar
Pagar plano de saúde pra quê? Com crise de asma, um paciente baixou na
Santa Casa, na quinta-feira, e foi informado, apesar de exibir a
carteirinha do convênio, que teria que esperar na fila de consultas.

À força
Só depois de subir nas tamancas e (quase) rodar a baiana conseguiu vaga no inalador.

Um Gip-Gip Nheco-Nheco

3 em 4 políticos não sabem que país é este. O outro pensa que é a Suécia.

Tá bom vai, outro
De uma forma geral, só temos uma coisa a temer: a coisa de uma forma geral.

Quem mais?
Deu na Folha: “Do governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), sobre o
irmão de Lula: ‘Conheço Vavá e não há lobby possível de ser feito por
ele. Veja a sua vida. Só se fosse lobby para promover a miséria de sua
existência’”.

Esvaziou
Pode dar em nada a caravana de parlamentares que segue, na próxima
terça-feira, a Brasília, para tentar resolver o problema da multa de R$
10 milhões aplicada pela Secretaria de Tesouro Nacional ao estado.

Com desconto
O deputado federal André Vargas (PT) disse que o governo federal já
teria concordado em perdoar parte da dívida do Paraná. Mais do que
isso, nem pensar.




ARREMATE

Te preocupa não, morte literária é só um estado de espírito.





OBLADI-OBLADÁ

Taí, a última. O
compadre de Lula, Dario Morelli, preso na Operação Xeque-Mate foi
avisado que a Polícia Federal estava a caminho. *** Os jornalistas
Milton Ivan Heller e Silvia Calciolari participam, neste sábado, de
palestra na Biblioteca Pública sobre o tema “Memória de Lutas
Curitibanas – Curitiba nos Anos de Chumbo (1964-1984). *** Milton Ivan
é autor, entre outros, do livro “Memórias de 1964 no Paraná”. Silvia
escreveu “Ex-Presos Políticos e a Memória Social da Tortura no Paraná”,
a partir de dissertação de mestrado defendida na UFPR.