Eu devia tentar entender, mas seria apelar para a ignorância que me
cerca. A cada vez que ouço falar em produtividade, política de
resultados ou terapia motivacional (cáspita) nas redações, saco o
revólver. Me assombra (e bota assombração nisso) que jornalistas que
nunca escreveram uma mísera linha digna de nota ocupem cargos de
direção nas redações desse mundão afora – óbvio que o manual perfeito
da imprensa obtusa não é uma exclusividade do Paraná (seria muita
presunção).

De improviso, lembro de um dono de jornal, em São Paulo, a discorrer
sobre o péssimo profissional de jornalismo que saía das faculdades.
Este que vos escreve, do chão de fábrica, ergueu o braço e lembrou que
a mesma observação era aplicável, ora bolas de sabão, a médicos,
economistas, físicos nucleares e advogados. Bom, o cara era advogado.
Daí para o chute nos fundilhos…

Via de regra (e se você quer progredir no jornalismo-PhD não use esse
termo), o profissional de imprensa é facilmente identificável. Não é
preciso ser um paleontólogo para dar em um sujeito que escreve mal
pacas, mas que tem sugestões bestiais – no pior sentido. Focalize: nas
reuniões de pauta são os mais faladores, os mais extrovertidos. É
batata. Pois foi em um desses convescotes profissionais que brotou a
pérola. “Que tal, ora em diante, adotar-se a ginástica laborial antes
de sairmos à cata de notícia?” Se você não sabe o que é isso, imagine
um bando de japoneses (com escusas aos que comem com pauzinho)
ensaiando um polichinelo desengonçado no grande salão do jornal. Sorte,
a idéia não vingou, apesar do constrangimento que pairou no ar feito um
pum no elevador.

E falando no flato (não confundir com fato, a matéria-prima da
notícia), vai aqui outro exemplo de jornalismo dinâmico e das
artimanhas para subir na carreira – ainda escrevo um livro de
auto-ajuda. Estas perpetradas por um ícone da imprensa, segundo ele
mesmo. Nos apertos do fechamento, entre as mesas do reportariado, eis
que o tal, guindado a editor-executivo (naquele tempo chamava-se
coordenador), brindava seus desafetos com curtos e silenciosos flatos
de ocasião. Mas que fedor! Fosse um primor do jornalismo, vá lá, que
perdoassem o intestino implacável. Não era o caso. Em uma das
reportagens épicas que produziu foi a Adrianópolis quando havia
suspeitas de crianças contaminadas com chumbo e fez troça. O único
chumbado por ali era o pudim de cachaça do bar da esquina. Mais.
Estampou foto da mãe de dois meninos doentes e lembrou de história
trágica, em que ela foi acusada e depois inocentada pela morte do
marido. Nem tchuns. Tascou lá: auto-viúva. Pois olhe, o tipo faceiro,
tempos depois, ainda levou o Prêmio Esso. E parece que soltou um pum de
alegria. Mas dessa vez não foi qualquer pum. Foi um pum premiado.

Bem guardado
Quem quiser saber onde anda o relatório dos escândalos da Ceasa
entregues à Comissão da Fiscalização da Assembléia que procure o
deputado Artagão Jr. (PMDB). Parece que ele sentou sobre ele.

Então tá
Na lógica de Frei Betto, Lula não é ignorante o suficiente para ser
presidente da República, mas Vavá é ignorante o suficiente para ser
trambiqueiro. Vá entender.


É de comer?
Ah, depois que Lula afirmou que seu terceiro mandato seria inexeqüível,
houve quem se surpreendesse com seu progresso intelectual. Bom, ele não
sabe o que é inexeqüível.

Nem tanto
O reitor da UFPR, Carlos Augusto Moreira Jr., não quer nem mais ouvir
falar em candidatura à prefeitura da capital. No máximo discute uma
vice. Quem sabe na chapa de Gleisi Hoffmann (PT).

Reclame
Se vale a propaganda, o blog deste colunista vem se diversificando.
Agora é regra, o que sai neste baticum diário não gorjeia como lá. E
vice-versa. O endereço: www.blogmarcusvinicius.com.

Miserê
Construído para ser um laboratório referência no país, o Lacen funciona
em situação precária. Os problemas apontados por técnicos vão de mau
funcionamento do ar condicionado até irregularidades no esgoto.


ARREMATE

Ei Requião, nunca é demais lembrar: “O Porto é nosso, mas o irmão é seu”.



OBLADI-OBLADÁ

Pegou mal, muito
mal, a informação de que o carequinha repórter das estradas, César
Setti, foi parar no Japão patrocinado por uma empresa asiática, a Royal
Star, interessada em construir um trem-bala no trecho Maringá-Londrina.
*** Vem cá, difícil não é acreditar que a empresa pagou as contas do
repórter de Requião. Dureza é engolir (com farinha) a viabilidade
econômica de um trem caríssimo ligando duas cidades de médio porte. ***
Vai um copo d´água?