O
verso franciscano do título – levado aos píncaros pelo ex-deputado
Robertão Cardoso Alves (já falecido) – serve como uma luva para
justificar a benevolência do governo Requião com pelo menos 16 dos
principais doadores da campanha reeleitoral, como revelou ontem
reportagem do editor de Política deste JE, Ivan Santos.
Pode ser
coincidência, vá lá, mas foram exatamente as empresas que contribuíram
juntas com R$ 3,4 milhões na disputa pelo governo – um terço dos R$ 12,
9 milhões declarados – as principais beneficiadas nas últimas
licitações do governo A soma é impressionante: R$ 41 milhões ou dez
vezes mais do valor investido.
Chama a atenção o fato de que, na
lista de contempladas, estejam construtoras e empreiteiras que
representam um setor que anda na berlinda dos últimos escândalos de
corrupção no governo – o que não é propriamente uma novidade.
“Garganta
Profunda”, o informante dos repórteres que deslindaram o caso
Watergate, nos EUA na década de 70, recomendava: “siga o dinheiro”.
É
batata. Mesmo que qualquer insinuação seja prematura, é óbvio que o “é
dando que se recebe” cristão tem outra conotação quando envolve um
negócio que envolve a trinca obras públicas, dinheiro público e o
governo da hora.
O dado estarrecedor, contudo, está no fim da reportagem de Ivan Santos.
Levantamento
da prestação de contas de Requião ao Tribunal Superior Eleitoral
mostram que 19 empresas que freqüentam a lista dos maiores doadores de
campanha do governador Requião, em 2006, faturaram no período de dois
anos R$ 253 milhões em negociações com a administração estadual. Talvez
Francisco de Assis, naquela aura de santidade e despojo dos bens
achasse tudo isso muito natural. Difícil de engolir é que capitalistas
que, naturalmente, visam o lucro – e, aliás, são demonizados nos
discursos populistas de Requião – tenham se decidido por depositar, em
espécie, sua confiança no governador por acreditarem no seu projeto ou
no estilo brucutu com o qual vai passar para os anais da história – o
rap do Requião em cartaz no You Tube diz tudo. Tudo bem, vá lá, não há
nenhum indício para acreditar no contrário. Mas é um sapo e tanto.
Grand Prix
O
número de prêmios de jornalismo que grassa nestas plagas nos últimos
anos criou um novo espécime nas redações: o caça-prêmio. Por prestígio
ou por dinheiro – folgo em cogitar que seja pelo último – profissionais
de imprensa estão sendo incentivados pelos chefes a disputar concursos
aqui e acolá.
O óbvio
Os
temas, além de dirigidos, o que pressupõe também um meio das empresas
ou entidades organizadoras pautarem a si próprias, esbarra naquele
“social” barato de dez entre dez reportagens inscritas. Dá-lhe
prostituição infantil, trabalho escravo, questão agrária, meninos do
tráfico ou coisa que o valha.
A chorumela
Ok,
deveria servir para o despertar das “consciências” – seja lá de que
igreja isso tenha vindo. Mas cai no óbvio sentimentalismo e no chororô
induzido. Responda rápido: quantas vezes você viu coisinha idêntica no
Jornal Nacional?
No cadafalso
Depois
de pegar três anos e dois meses de suspensão no Supremo Tribunal de
Justiça Desportiva, na semana passada, o capo da FPF, Onaireves Moura,
retornaria ontem ao banco dos réus para encarar outra acusação: a de
“usurpar” (vide, o termo é ameno) percentual destinado ao Sindicato
Nacional dos Atletas – presidido por Wilson Piazza (tricampeão em 70).
Fecha o caixão
Até
o fechamento desta coluna, o julgamento não havia sido encerrado. Na
roda de apostas, contudo, estimava-se pena de 4 anos, o que somada à
outra perfaz mais de sete de gancho. É a pá de cal que faltava?
Chilique
Chatotonix
como poucos, o deputado Mauro Moraes (PMDB) é o campeão de projetos
inconstitucionais na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da
Assembléia. Quando o parecer é contrário, costuma dar piti, subir nas
pantufas e rodar a baiana (não necessariamente nessa ordem).
Sem fim
Há projetos de sua autoria em tramitação que já estão no 3o relator. E a coisa vai longe.
ARREMATE
Acredite,
a semântica foi o principal tema de confronto na CPI das Invasões,
ontem, na Câmara. Representantes dos sem-teto queriam a troca da
palavra “invasão” por “ocupação”. Ó céus.
OBLADI-OBLADÁ
“Queria
fazer uma aproximação com as prefeituras e levava umas cocadinhas”. Do
diretor da Gautama (aquela) no Maranhão, Vicente Vasconcelos Coni. ***
Tradução: a corrupção está tão arraigada nas repartições públicas que
até uma cocadinha tá valendo. Se não tiver, serve uma balinha de menta.
*** Depois de duas semanas comandando o “trem-bala” da alegria no Japão
e na França, Requião volta a assumir, hoje, o comando do “Terça Insana”
– o novo epíteto da Escolinha.