Demorou, mas o governador Roberto Requião, enfim, encontrou um
adversário capaz de ombreá-lo. Quatro meses depois de tomar posse, o
“socialista” (e atente para o termo porque eu volto a ele logo mais)
Jackson Lago (PDT), tornou-se o maior nepotista em administrações
estaduais do país. Lago nomeou nada mais nada menos do que 23
familiares, entre parentes e contraparentes. É mais do que o dobro de
Requião, que tem nove parentes diretos e Ana Júlia Carepa (PT),
governadora do Pará, que nomeou sete.
Lago acaba de se enredar no caso da Operação Navalha, aquela que parece
até agora a mais “didática” entre as investigações da Polícia Federal
envolvendo políticos da taba.
Nas eleições do ano passado, há que se lembrar, surgiu como herói no
Maranhão dominado até então no fio do bigode da família Ribamar. Foi
ele quem bateu Roseana Sarney – paradoxalmente a queridinha de Lula –
no segundo turno por margem apertada (53% a 47%) e levou a turba
esquerdinha ao delírio.
E aí está outro condimento no currículo do governador, afora o
nepotista, afora o mutretista. Lago é também um notório socialista.
Desses que exibem retratos de Che Guevara, de Luís Carlos Prestes e
fotos ao lado de Darci Ribeiro e Leonel Brizola (que Deus os tenha).
O hilariante sobre o nepotismo é que ao longo da campanha, no ano
passado, Lago usou à exaustão, como observa reportagem publicada ontem
no “Estadão”, frases como “O Maranhão não é de uma só família”. Ou
qualquer coisa assim. O que dizer?
O hilariante sobre o socialismo é o de que Lago não está sozinho também
nesse quesito. Ana Júlia Carepa, a petista, e Roberto Requião, o
peemedebista, compactuam com as mesmas idéias e bandeiras do governador
maranhense.
Estamos, portanto, no terreno da sociedade igualitária e de um mundo
onde não haverá exploradores e explorados. Não se pode negar que Lago
não tenha dividido o pão com a família. Nem Requião. Nem Ana Júlia. O
único probleminha é que o tal “pão” é dinheiro público. Claro, no
socialismo isso é um mero detalhe.
Arrepiai-vos
O presidente da Fifa, Joseph Blatter, deve receber ainda esta semana –
ou quem sabe na próxima para ficar no estilo da nossa imprença – um
dossiê detalhado sobre aquele que almeja ser o cicerone da Copa 2014 no
Paraná. Sim, o Severiano (ou Onaireves no espelho).
Anti-bolor
A “pasta rosa” inclui a extensa ficha policial do dirigente. Incluindo
os mais de 100 dias em que tomou banho de sol ao lado de presos da
Colônia Penal e do Presídio do Ahú. Coisa que aqui pode ser natural,
mas lá nas “Oropa” é um deus-nos-acuda.
Armata
O líder da Oposição na Assembléia, Valdir Rossoni (PSDB), mandou fazer
as contas e descobriu que, hoje, 14 dos 54 deputados da Casa não rezam
segundo a cartilha de Requião. Sim, é uma turma tiquitita, mas
cumpridora.
Encostado
O deputado estadual Geraldo Cartário (sem partido) deve passar os
primeiros seis meses do novo mandato longe da Assembléia. Em tratamento
de saúde desde o início ano, Cartário enviou na semana passada à Mesa
Executiva pedido para que sua licença de 120 dias vigore por mais 50. A
Casa abençoou.
Bidu
O historiador britânico Kenneth Maxwell disse ontem, na Folha, o óbvio.
“Em seis meses de governo, Lula perdeu meio ano”. E olha que foi pouco.
Dá tudo no mesmo
“Roubo é roubo. Seja com a mão direita, seja com a mão esquerda”. (De
jornalista perspicaz sobre a onda de assaltos aos cofres públicos que
envolve as “esquerda” brasileira aqui e acolá).
Putz
O ar nostálgico do diretor financeiro da Sanepar, Heitor Wallace de
Mello e Silva (primo daquele!), dirigido à terceirização do Núcleo de
Desapropriações da companhia agitou o saco de maldades. Tem gente
graúda lembrando que aqueles eram tempos também em que o metro quadrado
de terreno valia 400% acima do valor do mercado.
ARREMATE
“Chega de Bunda Mole! Gretchen no poder.” (Slogan sugerido para a
cantora de “Conga, Conga” que, filiada ao PPS, deve se candidatar à
prefeitura de Itamaracá, em Pernambuco).
OBLADI-OBLADÁ
A “equipe de criação” do Palácio não conseguiu até agora desencavar um
apelido que caiba em Lerner e sirva para rebater o apodo “Pinochávez”
com que Requião foi brindado pelo ex-governador. *** O concurso lançado
na Escolinha não despertou sequer um fiapo de imaginação da claque
palaciana (não admira). Sorte que Requião saiu em viagem, senão era
sabão na certa. *** Em tempo: Ao contrário do que o leitor mais
desatento pode presumir, o “Pino” do apelido é de Pinochet e não de
Pinóquio.