Tivesse a deputada petista Cida Diogo (RJ) dedicado à leitura um naco do que se dedica a chorar as pitangas e teria respondido à altura ao deputado-costureiro Clodovil Hernandes (PTC-SP), que lhe imputou o codinome “feia”.
Está lá no conto-poema “Receita de Curitibana”, de Dalton Trevisan (do volume “Dinorá”, 1994), a réplica perfeita para quem, como a petista, não tem lá o que se denomina bons atributos. Um trecho: “O poeta bem quem me perdoe, mas beleza não é fundamental”. E segue: “alta baixa gorda magra loira morena / amá-las a todas é o que te seduz”. É um consolo e tanto para a dona Cida Diogo. E extraído da pena do maior prosador vivo de nossa língua. Difícil mesmo é elogiar a ignorância. Nesta Dalton não se fia.
Diga-se, em defesa de Clodovil, que o diálogo entre ele e a deputada foi reservado. Quem se encarregou de escancarar a rêfrega e o objeto de insulto foi a própria deputada. Em prantos, ao vivo e em cores, numa cena que extrapolou o ridículo. De Clodovil, auto-declarado homossexual ou retrossexual ou sei lá como o chamem, fica o velho estilo de bicha velha, coisa que ele não nega, minha nega! Está na cara, não é mesmo? Hahaha.
Vai responder por quebra de decoro parlamentar, o que é quase nada, e deve sair com um bilhete de advertência. Afinal, tratou  apenas de uma questão estética. Feias, feias não há, como diria Dalton Trevisan. Ora, é tudo uma questão de “estilo”.
Sorte de Clodovil que não exista por aí um movimento organizado dos Feios do Brasil, uma Associação da Fealdade, um Dia da Visibilidade Feiúrica ou uma Parada do Orgulho Feio. Sorte mesmo. Escapa assim o deputado de um processo por feiofobia ou da vendeta de um Quasímodo de botequim.
O que causa estranheza é que o Grupo Gay da Bahia ou o Dignidade destas plagas não se disponha a manifestar solidariedade à feiosa deputada petista. Afinal, preconceito é preconceito, não é mesmo? Hahaha.
Que nada. Como se trata de membro da “categoria”, o que se ouve tão-somente é o silêncio obsequioso. Típico dos cúmplices. Ah, o espírito de porco, ops, de corpo.

Vai bem
A Mesa Redonda da CNT foi para o espaço, mas seus integrantes não. O comentarista Valter Xavier, por exemplo, conhecido por seu estilo contemporizador, transferiu sua habilidade para a Secretaria Municipal de Esporte, onde é risonho chefe de gabinete.

Tô de olho
Às vésperas de embarcar para o Japão, quando estará à frente de um “trem da alegria” sem destino maior a não ser visitar a Família Imperial, o governador Requião deixa o vice Orlando Pessuti encarregado de manter a manus pesada na Escolinha. Promete acompanhar as “lições” via internet.

Vil metal
O mesmo “Hora do Povo” – o Notícias Populares da esquerda – que andou ameaçando de morte Diogo Mainardi, publicou libelo de autoria de Benedito, o Pires, contra a Rede Globo no início do ano. Pelo que foi regiamente pago. Claro.

Absurdete
Órgão da Secretaria Estadual de Saúde, o Centro Regional de Especialidades (CRE) da Marechal Floriano baixou ordem para limitar, em prédio público, o acesso do, ora ora, público. Só entra quem tem consulta. Pedido de informações nem pensar.

Trincheira
O diretor-geral do CRE, Renato Marin, anda em pé de guerra com os funcionários. Na semana passada depôs durante seis horas no Ministério da Saúde sobre acusações de abuso de autoridade e assédio moral contra servidores federais. Coisa cabeluda.

Toma jeito
Vide caso da governadora do Pará, Ana Júlia Carepa (PT). Depois de tomar posse e aninhar em cargos públicos a parentada em flor, a petista recebeu ultimato do promotor de Justiça, Jorge Rocha, para que, no prazo de sessenta dias, exclua da folha de pagamento a patuléia careposa.

Dura lex, sed látex
É um exemplo loquaz. Há cinco anos o governador Requião mantém em berço esplêndido sete parentes diretos mamando nas tetas úberes do poder. Nem assim o procurador-geral de Justiça, Milton Riquelme, ousou determinar o expurgo. Há que se perguntar: por que a lei que vale no Pará não vale no Paraná?

Vespeiro
A diretora-geral da Casa Civil, Jussara Gusso, acaba de fazer nomear parentes para cargos de alto escalão na secretaria. Para acomodar a tchurma, convenceu o chefão Rafael Iatauro a exonerar funcionários indicados por deputados da base aliada, principalmente Caíto Quintana. Claro que a coisa vai engrossar.

ARREMATE
“Se não há verba para ônibus, por que não transportam os alunos de bicicleta”. Do senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que pelo jeito foi possuído pelo espírito de Maria Antonieta. Ora, que comam brioches!

OBLADI-OBLADÁ
Seis meses depois das eleições Paraná, os coordenadores de campanha de Osmar Dias (PDT) resolveram abrir as gavetas empoeiradas. De uma delas, saiu crítica ao grupo “Onze Eleven”, nome pelo qual assessores umbilicais do senador foram apelidados. *** Deles, afirma-se, saiu a decisão de manter o tom do discurso do pedetista, apesar das opiniões contrárias dos marqueteiros. *** O “Onze Eleven” era facilmente identificável na campanha. Estava sempre no encalço do senador e seus membros gozavam de perfil infalível: baixinhos, carecas e fazendeiros. Quaquaquá.

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