Repare: o número de manifestantes que se reuniu ontem para bradar
contra a divisão da pracinha de Batel é inversamente proporcional ao
tempo dedicado na mídia ao protesto. De longe, o movimento soa tão
bizarro quanto os ecochatos que se acorrentam em árvores. Não que se
queira fazer aqui um poema concreto na verdadeira acepção da palavra,
mas essa sanha anti-progresso parece coisa, assim, de quem vê com olhar
de desconfiança qualquer sinal de acomodação urbana. Só falta
ressuscitarem o tílburi de praça, o chapéu Panamá e a braguilha de
botão.

Respeite-se a memória da cidade sim, mas que não se leve a exageros. É
nesses arroubos que a política oportunista costuma se infiltrar. Vide o
caso de um certo Rafael Xavier Schuartz que surgiu, ontem, diante das
câmeras de televisão proclamando-se presidente do desconhecido
Movimento dos Amigos do Batel. Até aí tudo bem. Não fosse pelas
impressões digitais.

Schuartz é presidente da juventude municipal do PMDB e sobrinho do
secretário estadual de Saúde, Cláudio Xavier que, naquele momento,
enquanto o parente liderava 30 gatos pingados e, consta, um cachorro
sarnento no protesto, dava titubeantes explicações na Assembléia
Legislativa sobre os gastos do governo no setor.

Mas a coisa não pára por aí. Schuartz, aqui nomeado líder do movimento,
era até 22 de janeiro de 2007 um feliz Chefe de Seção, simbologia DCA
10, no Instituto de Saúde do Estado do Paraná (submetido ao tio).
Perdeu o posto, mas não a pose, por conta da extinção do órgão. Mas
pode ser “remanejado” a qualquer momento sob os auspícios do poder de
que Requião foi investido na “lei da farra dos cargos”.

Reforce-se: longe deste escriba
colocar sob suspeita a legitimidade do movimento dos que querem ver a
pracinha tombada pelo patrimônio público, sem retoques. O objetivo, ao
contrário, é fazer um alerta para um tipo de oportunismo político,
comum em todas as esferas de poder, que se acerca de manifestações
legítimas e delas faz o pior uso. Geralmente, eleitoreiros. O recente
caso da invasão de terrenos em Curitiba deu provas de onde essa gente
pode chegar. Em cada protesto que se faz, por mais singelo que pareça,
há sempre um Doático ou Schuartz ou um Zé da Silva, com pretensões
políticas, interessado em extrair dele o melhor da seiva. O que resta,
no fim, é o descrédito.


Enquadrado
Bastou a ameaça de expulsão do PMDB para o deputado Stephanes Jr.
perder a coroa de herói por votar a favor da CEI da Comunicação e
ganhar o chapéu de mau aluno do partido. Resignado, ajoelha no milho e
volta a rezar na cartilha de Requião.

Petismo é isso
O grupo de estudantes que invadiu a reitoria da UFPR, na terça-feira,
encontrou um fax enviado pelo vereador André Passos (PT), alertando o
reitor Carlos Augusto Moreira do dia e da hora da invasão. Isso é que é.

E isso também
Novo chefe de gabinete de Moreira, o ex-vereador Newton Brandão (PT,
óbvio), esteve à beira de um chilique com a “invasão” na reitoria. Ah,
nesse caso, gente, não se trata de “ocupação” popular.

Vida boa
A Assembléia colocou à disposição das dondocas uma kombi com motorista
que as leva, em três horários diferentes, até o estacionamento do
Legislativo, localizado a pouco mais de 500 metros. Oferecimento do
dinheiro público.

Embalou
O PSDB fez festa para a filiação do ex-vereador Jotapê, ontem, no
diretório municipal. A expectativa dos tucanos é das mais otimistas (e
bota otimismo nisso). Com nove vereadores na bancada da Câmara de
Curitiba, sonha com 10 a 15 em 2008. Bom, o sonho é livre.

É brasa
A rejeição das contas do PV, em 2005, fez a oposição interna abrir
fogo. Ao presidente nacional da legenda, José Luiz Penna, é atribuída
grande parte da responsabilidade pelo furo partidário.

É bravo
Entre as acusações contra Penna, reeleito há duas semanas em convenção
sub judice, consta a de recebimento ilegal de diárias, pagamento de
passagens aéreas para a mulher e o irmão e, pasmem, o fretamento de um
avião da TAM para uma “viagem de turismo partidário” a Belém do Pará,
ao custo de R$ 97 mil.

Em tempo
O PV recebe, anualmente, do governo a bagatela de R$ 376,58 mil.


ARREMATE

Pronto, a
Imprença, sempre ela, agora achou de canonizar Heron Arzua, assim como
fez com o probo Sérgio Botto de Lacerda. Gente, Requião ainda sai santo.




OBLADI-OBLADÁ

Dos porões do
Palácio Iguaçu vêm a informação de que o “festival de papel picado” na
Comunicação Social continua de vento em popa. Depois dos cadernos de
propaganda, rasgam-se agora grandes maços de documentos
comprometedores. É coisa capilosa. *** De um galhofeiro na Boca
Maldita: “Sou chavista, da tendência Chapolim”. Quaquaquá.