O que pode causar espanto o encontro de Lula com o ditador da Líbia, Muammar Khadafi? Ora, nenhum. É sabido que o presidente petista admira sem reservas o ditador de Cuba, Fidel Castro, que em 2004 perdoou a dívida de R$ 36 milhões do Gabão, onde reina há 37 anos o ditador Omar Bongo, e que sonha com um modelo populista nos moldes daquele que vigora na Venezuela governada por Hugo Chávez, agora defensor da reeleição sem fim.
E se é pouco, assinale-se que o encontro com Khadafi não é inédito. Lula já esteve tête-à-tête com o ditador líbio logo no primeiro ano de mandato, em Trípoli. Anteontem, ao velho estilo, se disse surpreso com a reação da imprensa. Palavras do presidente: “Todo mundo sabe que a Líbia tem caminhado para um processo de democratização. Às vezes nem sempre é compreendida a visita de um presidente do Brasil à Líbia. Mas quando a Inglaterra visita todo mundo acha o máximo. Lamentavelmente as coisas acontecem assim no Brasil”, choramingou.
Com a mesma nota lamentosa, o presidente justificou, em 2004, o perdão da dívida ao Gabão. “A minha mãe já dizia que na mesa em que come um comem dois, na mesa em que comem dois comem quatro e na mesa em que comem quatro comem oito”. Ou seja, a técnica é a mesma usada internamente no país. Distribui-se dinheiro aos pobres daqui e dalém-mar, sem exigir a contrapartida. Não se ouviu no discurso de Lula nenhuma observação aos valores democráticos – que passam ao largo no Gabão – assim como não vê na distribuição do Bolsa-Família nenhum compromisso dos beneficiados (a freqüência escolar, por exemplo). Assim, o governo Lula destinou o recurso-esmola para 11 milhões de brasileiros. Assim, amealhou 60% dos votos.
E se mirarmos melhor no terreiro político veremos que a prática equivocada de Lula de irmanar-se com o que há de mais retrógrado no cenário internacional – e que já se viu não vem de hoje – casa direitinho com as costuras políticas tupiniquins que promove desde que se abancou no poder. Lula combina com Khadafi, Castro, Chávez e Bongo, assim como combina com Maluf, Jader Barbalho, Sarney, Quércia, Requião, Delfim Netto, Joaquim Roriz. O que pode causar espanto?

Feio, feio
Azedaram de vez as relações entre Carlos Simões (PTB) e o vereador e deputado eleito, Fábio Camargo (PFL). Por conta do ingresso de Camargo nas hostes petebistas, Simões estrilou.

Chumbo grosso
Agora é a vez de Camargo: diz que vai mover montanhas para atrapalhar o caminho do parlamentar: “O Carlos Simões não tem currículo, ele tem ficha corrida”. Vixe!

Mimado
Líder da bancada do prefeito na Câmara, o tucano Mário Celso Cunha recebeu homenagem da Ordem dos Músicos do Brasil, em Brasília, pelo trabalho em prol da categoria no Paraná.

Arrependei-vos
Empolgado, o vereador exagerou: estuda apresentar projeto que garanta “reserva de mercado” para os músicos curitibanos nas rádios locais. Lá vem vanerão e rock ruim.

Tem ele
Não é só o deputado Luiz Cláudio Romanelli que está interessadíssimo em melar o pré-contrato da J. Malucelli com a Eletrosul para a construção da Usina Hidrelétrica de Mauá.

E tem mais
Uma empreiteira de nome conhecidíssimo no mercado também estaria fazendo “olho gordo” no projeto. Alguns dizem que é a Camargo Corrêa. Outros a Andrade Gutierrez.

Do léxico
Um certo pundonor fez com que o Sindicato dos Jornalistas do Paraná optasse por dar o nome de “Escambo” à feira de usados que promove no próximo sábado na sede da entidade.

Com trocadilho
Mas para bom entendedor, não fica dúvida. Feira do Escambo é o mesmo que Feira do Troca-Troca. Quaquaquá.

Manja tudo
O assessor especial de Assuntos para Curitiba, Doático Santos (PMDB), deve fazer o lançamento de seu site com uma grande lavagem de calçada na Rua XV. Gente, é a especialidade do cara.

Arremate
A campanha ostensiva anunciada pela Copel contra o “gato” vem fazendo um certo secretário de governo perder o apetite.

Obladi-obladá
Arquivado pelas urnas, o deputado Neivo Beraldin (PDT) deixa a Assembléia no fim do ano levando consigo uma “pasta rosa” com documentação surpreendente. E reveladora! *** Em situação de miserê na Câmara Municipal de Curitiba, o PMDB está distribuindo convites a vereadores para que ingressem no partido. Até agora, poucos se habilitaram. *** A agência de notícias do governo voltou a bater na tecla de que cabe à Justiça Estadual e não à Justiça Federal julgar as liminares dos reajustes dos pedágios. *** É mesmo conversa para boi dormir. Boy também.
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