Lula, o pescador

Nunca houve antes na história do Brasil (ó céus) um presidente tão
apreciador de metáforas quanto o metalúrgico Lula. Dos termos
futebolísticos que serviram para acomodar as lacunas intelectuais no
primeiro mandato, com irritante assiduidade, eis que Lula inclui outro
item metafórico no seu linguajar presidencial: a pescaria. Assim, para
Lula, pintado é pintado, lambari é lambari.

Se você não entende nada de pescaria, explica-se. Pintado é peixe
grande, lambari é peixe pequeno. Lula na sua declaração diz que, ao
pedir a quebra de sigilo telefônico na Operação Xeque-Mate, a PF se
preparava para encontrar um cardume de pintados (peixe grande), mas
acabou fisgando um lambari (peixe pequeno). “O Vavá nessa história me
parece mais um lambari que foi pego”. Vavá é Genival Inácio da Silva,
irmão mais velho do presidente e traficante de influência declarado.

Pode parecer irrisória, mas a frase acima traduz perfeitamente o
conceito do que é moral ou lícito para o presidente. É imoral, é
ilícito receber milhões no esquema do mensalão, mas “R$ 20 mil é
merreca”, como afirmou Lula ao comentar saque do petista Professor
Luizinho. É imoral, é ilícito fazer caixa dois ou não contabilizar
dinheiro – o que inclui transformar cueca em casa de câmbio –, mas como
“todo mundo faz”, o PT faz também. Sim, a corrupção é imoral, é
ilícita, mas só aparece neste governo porque há investigação, assim
como o petróleo jorra por causa da prospecção. E assim caminha a
humanidade.

Este é o Lula pescador que, ao longo de dois anos, enalteceu o trabalho
da PF e agora queixa-se da atuação do órgão na Operação Xeque-Mate,
detectando abusos e vazamentos por conta de um certo conflito interno,
coincidentemente quando o lambari fisgado é o seu irmão “ingênuo”.

Observe-se: a pecha de ingênuo não cabe para o presidente Lula, já que
ele foi devidamente informado pelo Ministro da Justiça, Tarso Genro, da
diligência da PF horas antes dela ocorrer. Mas, estranho, cabe
perfeitamente no episódio do mensalão. Neste caso, os Silva se afinam
na ingenuidade assim como se afinam no gosto pela pesca. Antes Lula não
sabia de nada. Agora parece que é o homem que sabe demais.

Tó pra vocês
O presidente municipal do PMDB, Doático Santos, enviou telegrama
desbocado para os membros da CPI da Invasão da Câmara Municipal. Assim,
assim, denomina todos eles de “pançudos”.

Cogito ergo pum
Diz o texto: “Se a convocação é extra-judicial significa que não é
judicial. Logo, não é convocação é convite. E o convite eu já recusei
porque não tem fundamento. Que barrigada hein, nobres vereadores.
Saudações Democráticas,  Doático Santos.”

Escondidinho
Cheio de não-me-toques, os membros da comissão não quiseram se
pronunciar. Diante da insistência, um deles falou em off-record: “O
Doático Santos está fugindo da comissão como o diabo foge da cruz. Ele
deve ter culpa no cartório para temer os parlamentares curitibanos”.

Medo, quem?
Nem tanto, vereador, nem tanto.

Deu na Folha 1
“Ao saber que Sibá Machado (PT-AC) já foi coveiro, um senador ficou
todo animado. Segundo ele, o presidente do Conselho de Ética poderá
utilizar sua experiência para enterrar a investigação contra Renan”.

Deu na Folha 2
“Logo depois de sua sustentação oral, na qual malhou a imprensa e o
PSOL por basear sua representação em recortes de jornais e revistas, o
advogado de Renan, Eduardo Ferrão, distribuiu um memorial de defesa
inteiramente baseado em… recortes de jornais e revistas.” Quaquaquá.

Eles pensam grande
Ah, esses argentinos. A presença de Francis Ford Coppola, anteontem, no
jogo entre Boca Juniors e Grêmio, pela Libertadores, fez os os
megalomaníacos inflarem a vitória de 3 a 0: “Foi coisa de cinema”.

É o Don
Riquelme, então, só atende agora por “Poderoso Chefão”.