Escrevi outro dia que o projeto do trem-bala ligando as cidades de
Maringá e Londrina tinha cheiro de tunga – se é que tunga tem cheiro –
e um respeitável interiorano se encheu de brios para me contestar. Diz
que dei prova de preconceito ao fazer pouco dos municípios ou
desacreditar que as cidades possam comportar um trem moderníssimo
importado do Japão. Bobagem.

Nem vou entrar no mérito do preconceito porque afinal, sou interiorano, sô, como o missivista (cáspita), mas bobo não sinhô.

Localize-se a informação: a história toda é lastreada pela viagem do
carequinha repórter das estradas, César Setti, que seguiu com a
expedição da alegria de Requião ao outro lado mundo e admitiu, sem
pudores, que sua viagem foi custeada por empresa japonesa interessada
em investir o pote para construir trem-bala no trecho citado. A versão
a que se dá crédito, portanto, é a do carequinha.

Longe do bairrismo e da patriotada, questionei o investimento. Afinal,
não se trata de um trenzinho fazendo fumaça na imagem bucólica, mas uma
soma biliardária (e são bilhões de dólares) em jogo para uma demanda só
comparável ao da ponte aérea Rio-São Paulo. Portanto, com escusas ao
leitor, trata-se de um besteirol.

Sem pavonear-me tive a oportunidade de viajar no trem-bala, em 2002, no
trecho entre Saitama e Nagoya e fiquei espantado com a alta tecnologia.
Mas não se trata de um metrozinho qualquer. Mesmo com as diferenças
estratosféricas entre o poder aquisitivo do japonês e a do brasileiro,
não é para qualquer um. O custo de uma passagem do trem-bala é
comparável aos de viagens aéreas de primeira classe. Fui porque estava
cobrindo a Copa do Mundo para um jornal de Curitiba e o vale-trem fazia
parte do pacote.

Por essas e outras, é mais fácil acreditar em gnomos da floresta do que
na possibilidade de um trem-bala vir a integrar o cenário do Norte do
Paraná. Tudo não passa de um conto do vigário como tantos que grassam
no nosso estado para justificar o festerê requianista. O leitor que
tire o cavalinho da chuva. Ou, se preferir, o trenzinho.

Ressalva
O líder da oposição na Assembléia, Valdir Rossoni (PSDB), não fugiu ao
chamamento do governador na tentativa de buscar uma solução para os
títulos podres do Banestado, em Brasília. Mas alfinetou: “Estou sempre
de plantão para defender os interesses do Paraná. Apesar da má
companhia”. Quaquaquá.

Mais
A decisão conta com mais um ingrediente. Rossoni avalia que o impasse
com a Secretaria do Tesouro Nacional está servindo de álibi para
Requião sanar todas as mazelas da administração. “A tática do governo é
justificar todos os fracassos e escândalos administrativos usando como
argumento a multa imposta pela STN. Vamos acabar com isso”.

Bateu
O blogueiro do site da “Veja”, Reinaldo Azevedo, usou de alcunha
perfeita para definir Vavá, o irmão-lambari de Lula. “Ele é o Fredo
Corleone da família”. A referência, para quem não sabe, é o personagem
do filme “O Poderoso Chefão”.

Acredite
Não é caso de inverossimilhança a recusa da líder sem-teto Maria de
Fátima Freitas em aceitar R$ 3 milhões para desocupar terreno e
atribuir responsabilidade pelas invasões ao prefeito Beto Richa. Há
notícias várias na imprensa que atestam a versão.

Dureza
Difícil mesmo é acreditar que o capitão-do-mato de Requião, Doático
Santos, seja uma vítima da sem-teto. E nem se trata de comentar o
suposto ato de violência do qual Doático teria sido o mandante e Maria
de Fátima a vítima. Aí é caso de polícia.

Tá bom
Bonachão, o secretário estadual de Relações com a Comunidade, Milton
Buabsi, esteve na Câmara de Curitiba ontem, para pedir o engajamento
dos vereadores em programas sociais desenvolvidas pela secretaria. Ele
disse que não só procurou a prefeitura por uma questão de
incompatibilidade.

Que palpite
“Relaxa e goza porque depois você esquece de todos os seus
transtornos”. Este foi o conselho da sexóloga e ministra Marta Suplicy
(PT) para os turistas que vão enfrentar longas esperas nos aeroportos.
Em nota divulgada horas mais tarde, ela afirmou que a declaração foi
infeliz.


ARREMATE

Incrível, é melhor fazer uma canção. Está provado que só é possível embromar em alemão.



OBLADI-OBLADÁ

Isso é que é
lepidez. Em 48 horas, o relator Epitácio Cafeteira (PTB-MA) concluiu
pelo arquivamento da representação contra o presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL). Ou seja, nem foi preciso assar a pizza. ***
Presidente estadual do PDT, o senador Osmar Dias retoma périplo pelo
interior do estado. *** Nos encontros com lideranças vai defender a
bandeira da fidelidade partidária com forma de fortalecer a legenda.
*** Está no prelo a biografia do ex-governador e empresário de
Comunicação, Paulo Pimentel. Que deve incluir período em que esteve
abraçado ao governo Requião.