Nos tempos em que o feminismo era uma praga social e as mulheres ainda
queimavam sutiãs, Millôr Fernandes irado e aviltado escreveu: “o único
movimento feminista que eu reconheço é o dos quadris”. Foi um
deus-nos-acuda. Bom de briga e de verbo, ele havia saído de uma
pugilança com Betty Friedman, afirmara que o livro “O Segundo Sexo” de
Simone Beauvoir não valia um fósforo riscado, mas admitia sua nobreza
nas mulhas em reconhecerem-se, afinal, no seu devido lugar: o segundo.
Quaquaquá. Evidentemente era um período mais incendiário. No Brasil do
tchan e das bundas falantes, uma frase como a de Millôr soaria como um
elogio. Sem reclamos. Mas, doutor, divago.
Tirei da memória porque soube, assim, de fundo, que o governo convocou
na quinta-feira uma reunião com secretários e presidentes de autarquias
para uma reunião urgente no Canal da Música. Por uma causa nobre. Hoje
na Boca Maldita, o presidente do PMDB de Curitiba, Doático Santos,
comanda manifestação da Frente Ampla do Movimento Social. O que é
isso? Sei lá, mas Millôr adoraria. Em exercício de livre associação
lembraria peitos siliconados e rebolado-pandeirão. Tudo a ver, né nãso?
Quem dera.
Então aí vai uma má notícia. O protesto planejado irá reunir, se Noé
não estragar a festa, apenas a militância de holerite. Gente que bate o
ponto na Boca Maldita tal como na repartição pública. Imagine o
entusiasmo. Claro que não se quer aqui pecar pelo mau juízo e afirmar
que não existem lá, entre os barnabés de provisão, as frentes amplas e
os movimentos sociais – se é que você me entende.
Duro é agüentar a sanfona dos peemedebistas e ‘das esquerdas’ (ei
Waldyr Pugliesi!) de botequim. Não há rumba que resista nem esquindô
que sobreviva. Aí só chovendo.
Parada dura
Os vereadores Paulo Salamuni, Aladim Luciano e Sérgio Ribeiro estão em
Brasília para o Congresso Nacional do PV. O trio participa da convenção
que irá eleger o novo presidente do partido.
Xô reizinho
Munidos de um abaixo-assinado a ser entregue ao novo presidente
nacional do partido, os vereadores pedem a criação do diretório do PV
em Curitiba. Atualmente, o presidente e “dono” do PV no Paraná, Melo
Viana, acumula o cargo.
Bingo
Está aí o ministro Carlos Lupi (Trabalho) defendendo a legalização do
bingo. É um tema supimpa e que, tal como o aborto, deveria merecer um
debate atento. Demonizaram as casas de jogos, como faz por aqui Requião
naquele raciocínio rasteiro, sob a alegação de que é antro de
“bandidos” e, ainda mais, pretexto para comprar liminares de juízes.
Binguinho
Tá na cara que é uma premissa equivocada. Juiz que se vende o faz por
qualquer razão e pela melhor oferta. Tem aquele adágio: “A ocasião faz
o ladrão”. E tem aquele outro: “Água de morro abaixo, fogo de morro
acima, mulher quando quer dar ninguém segura”. Juiz quando quer roubar
também.
Dois pesos
Há dez dias, o governador Roberto Requião proibiu a circulação do
jornal “O Estado do Paraná” nas repartições públicas sob a alegação de
que estaria incentivando o lenocínio ao vender espaço para garotas de
programa nos classificados.
Duas medidas
A manus de ferro, no entanto, não vale para todos. Um jornal nanico,
que recebeu somas vultosas de publicidade em 2006, circula livre e
folgazão no Palácio Iguaçu e no clipping do governo, apesar de conter
anúncios de meninas de fino trato.
A luta continua
João Arruda (sobrinho daquele!) estréia, no início de junho, programa
na Rádio Globo AM 670. Vai de slogan supimpa (“A voz da juventude, a
cara do novo Paraná”) e de nome originalíssimo (“Programa João
Arruda”). A vinheta musical, então, é um primor. Dá-lhe Gonzaguinha!
ARREMATE
Caia na real, quarentão! Tudo o que você vê agora é o FIM na luz do túnel.
OBLADI-OBLADÁ
O vereador Zé
Maria (PPS) não fez a lição de casa. Recebeu de presente um estudo com
dezenas de sugestões técnicas para melhorar a Lei da Acessibilidade
destinada a facilitar a vida dos portadores de deficiência, mas
apresentou na Câmara a proposta original. *** A Maldição de Montezuma
que se abateu sobre Requião, há dois meses, enfim ganhou uma versão
consistente (ops). Bem, nem tanto assim. A amigos ele teria
pavoneado-se: “Cavalgo todos os dias e queimo 400 calorias”. Diante de
sua silhueta rotunda, no entanto, remendara. “Estou sem tempo. Por isso
só como um sanduichinho no almoço”. *** Mas só depois do desarranjo
avassalador, a verdade veio à tona. O tal “sanduichinho”, imagine, era
um baita comprimidão de Xenical.