O deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ) pode ser um expoente da
democracia, mas seu partido é tão chulé quanto qualquer um que grassa
neste país.

Na Convenção Nacional do partido, no fim de semana, ficou provado que
se as agremiações políticas sofrem de algum mal, este é a
anti-democracia.

Tal como o PPS, o PDT, o PMDB, o PTB e tantos outros partidos políticos
que estufam o peito em nome da palavrinha inventada pelos gregos (se
você não sabe, não sou eu que vou ensinar), o PV utiliza de uma brecha
da legislação eleitoral – aliás, está mais para um canyon – para manter
os correligionários sob controle: a comissão provisória. É com ela que
os dirigentes do partido lançam mão na hora de fazer valer o que
decidiram, sem retoques, na “calada da noite”.

Em tese, as comissões provisórias deveriam existir para sanar
irregularidades nos diretórios e manter a batuta da política
partidária. Pois o que deveria ser uma exceção virou regra.

No Paraná, onde o dirigente do partido é um fiel discípulo de Requião,
as comissões provisórias transformaram-se em uma verdadeira praga.
Praticamente todos os diretórios municipais dos verdes são controlados
por uma comissão concebida e empossada pelo pevista Melo Viana, cujo
apodo é “Duende Natureba”.

Daí terem se transmutado em diretórios biônicos que rezam a cartilha
segundo o diretório regional e, por extensão, segundo o diretório
nacional.

À fieira de aberrações políticas juntem-se regras toscas que mais
aviltam do que fazem proliferar o debate nas esferas partidárias.

Tome-se o caso da eleição da nova presidência nacional do PV, em
Brasília. De um lado, José Luiz Penna, o eterno dirigente. De outro,
Juca Ferreira, apoiado pelo ministro Gilberto Gil (Cultura). Na
sexta-feira passada constatou-se que pelo menos 1/3 dos delegados havia
sido eleito às vésperas da convenção e não 15 dias antes como rege o
estatuto do partido. Mas não ficou nisso. Este mesmo 1/3 havia sido
indicado, em sua maioria, por comissões provisórias controladas pelos
diretórios estaduais e protegidas sob as asas de Penna (com o perdão do
trocadilho). Era uma eleição, portanto, de cartas marcadas. Fernando
Gabeira, naquele estilo “tudo blue” pode até considerar a disputa
dentro do PV um microcosmo besta diante do espectro autoritário que
ronda novamente o país. É inegável, contudo, o sinal dos tempos. O PV
comprovou: é mesmo um partideco, ainda que cercado daquela simpatia
ecochata. Da democracia partidária, então, nem se fale. É peça de
ficção. Fica a frase do vereador e líder do PV na Câmara, Paulo
Salamuni, desconsolado com a política. “Mudar de partido no Brasil é só
mudar de quadrilha”.

Tudo…
Sim, democracia é voto, mas deveria ser também o não-voto. Por causa
dessas aberrações que andam por aí vestidas de lei eleitoral, cidadão
que não vota virou um não-cidadão.

…menos isso
Vide a propaganda da Justiça Eleitoral e a transformação dos que se
abstém do “porre de democracia” (fala sério) em párias da sociedade.
Pode ser eleitoral, justiça não é não.

Rota de colisão

A CPI das Invasões da Câmara de Curitiba deve entrar na Justiça nos
próximos dias para convocar o presidente municipal do PMDB, Doático
Santos, a comparecer à comissão. Suspeito de incitar invasões de
terrenos na região Sul da capital, Doático até agora tem declinado o
convite dos vereadores.

Pinoquiana
A mesma agência de notícias que “emascula” reportagens e colunas do
clipping do governo para que a Ilha da Fantasia continue sendo
anunciada na ‘Terça Insana’, omitiu na sexta-feira passada um dado
importante na entrega de veículos para a Polícia Rodoviária.

Escapou
Os 15 Toyotas e as sete motocicletas apresentados com toda pompa pelo
secretário de Transportes, Rogério Tizzot, foram financiados com
recursos de duas concessionárias: a Econorte e a Rodonorte.

Só fachada
“O mesmo governo que vive em guerra com o pedágio se aproveita das
vantagens que o sistema oferece à sua administração”, afirmou João
Chiminazzo Neto, presidente da ABCR-PR. Nada, nada, o investimento das
concessionárias foi de R$ 1,3 milhão. Tizzot não ruborizou.




ARREMATE

“Fala para ele
que agora só faltam 282 gols”. (De Pelé, que colecionou 1.281 gols em
sua carreira, brincando com o feito do vascaíno Romário, que enfim
chegou ao seu gol de número 1000. Em jogos oficiais, contudo, a marca
de Pelé está prestes a ser batida pelo atacante. São 718 contra 720 do
ex-jogador).




OBLADI-OBLADÁ

O diretório do
PTB de Curitiba vai mudar de presidente nos próximos dias. O atual,
Jair Cezar, foi destronado. Em seu lugar assume Rodrigo Martinez,
ex-secretário municipal de Esportes e filho do ex-presidente do
diretório nacional, José Carlos Martinez, já falecido. *** Sem Requião,
a Escolinha deve primar pelo alto índice de abstenções. *** Um erro:
assessores palacianos garantem que, mesmo do outro lado do mundo, o
governador estará acompanhando tudo pela internet. *** Sim, o mundo é
uma ostra.