Quem viu o “Terça Insana”, ontem, se esbaldou com a visão de um Requião
tresloucado (ô novidade) e botocudo, baixando a ripa na imprensa local
(ô novidade).
A nota cômica é que desta vez ele não surgiu no seu jaquetão
azul-viagra (copyright Ruth Bolognese), mas enfiado em um moletom bege
com o jeitão de pijaminha básico.
Estava ele alucinado com a entrevista do ex-diretor da Sanepar, Rogério
Distefano. Ou melhor, não propriamente com o conteúdo da dita, que não
trouxe nenhuma ou quase nenhuma informação inédita – aliás, o travo era
de coisa velha –, mas com o fato dela ter sido publicada na revista
“Idéias” do ex-amigo Fábio Campana.

Campana, para quem não conhece, já foi tema desta coluna pela sua
habilidade de prestidigitador em transmutar-se ideologicamente (ah, vá)
de acordo com o vento que bate ao Sul ou ao Norte, ao Leste ou Oeste –
depende de quem sopra.

Requião aproveitou para cutucar o governo do antecessor Jaime Lerner (ô
novidade), cuja “herança maldita”, arre, parece não ter fim. Sob o
pretexto de comparar os gastos em publicidade daquele e deste governo,
apontou este Jornal do Estado como beneficiário do lernismo como se
para justificar a caudalosa verba fifth-fifht que despejou em
jornalecos de aluguel.

Se vale uma nota sobre este JE
é a de que, durante o governo Requião que vai a pique, continua onde
sempre esteve: na oposição firme ao falastrão que ocupa a cadeira
principal do Palácio do governo. Não à toa, o modelito principal de
Requião é, mais do que o pijaminha citado acima, o presidente
venezuelano Hugo Chávez, que prima pelo populismo e por alimentar a
face mais decadente dos governos latino-americanos.

Sorte. Ao contrário dos que agora “despertam” para a razão, este jornal
chegou a ser voz isolada num tempo em que a imprença paroquiana ainda
alimentava esperanças no jeitão brucutu do governador. Aqui não coube a
fissura da barragem nem projetos mirabolantes que lembram aqueles
monumentos de corrupção espalhados pelo país: vão do nada a lugar
nenhum. As “estradas da liberdade” requentadas, ontem, pelo Secretário
de Transportes, Rogério Tizzot, são só um desfecho dessa ópera-bufa que
seria cômica não fosse trágica para os cofres públicos.

Para finalizar: anuncia-se hoje, na coluna de Campana – aquele que até
outro dia (outro dia mesmo) era um crente no eterno confronto entre a
esquerda requianista do povo e a direita ‘dazelite’ –, uma conversinha
de bastidores. De um lado, a oferta. De outro, a recusa. Interpretem,
os mortais, como quiser. Para este que vos escreve é só o amargo de um
ex-bobo da corte.
 
Voz do dono
A revelação de que as ordens de Requião no Conselho Administrativo são
resumidas na sigla OGM (“O Governador Mandou”) ganhou também outro
significado.

Transgênico
Nos círculos da galhofa as iniciais foram traduzidas para Organismo
Geneticamente Modificado, o que afrontaria uma das bandeiras da
administração peemedebista.

Meia palavra
Impossível não detectar nos arroubos anti-requianistas do colunista um tilintar perdido – se é que você me entende.

Assim assim
A reunião do prefeito em exercício Luciano Ducci (PSB) com deputados e
vereadores para explicar as obras que serão executadas na Praça do
Batel foi parcialmente frustrada.

Complication
Entre os convidados compareceram 14 vereadores e um deputado: o pepista
Ney Leprevost. A baixa audiência fez destilar o veneno. Comenta-se que
Ducci terá dificuldade em emplacar novamente seu nome como vice em 2008.

Assim não dá
Cansado das intervenções descabidas de Custódio da Silva (PRTB), o
vereador Valdenir Dias (PSB) ameaçou, ontem, encaminhar reclamação à
Comissão de Ética contra as constantes quebras de protocolo do colega.

Nem tanto
A cara feia de Dias encabulou Custódio a ponto dele “quase” se calar durante a sessão. Bem, deu umas resmungadinhas.




ARREMATE

O
enfraquecimento da ala de Alvaro Dias no PSDB pode levar o senador a
mudar de ares. Há quem aposte na aproximação com o PMDB e na
possibilidade do parlamentar disputar a sucessão de Requião, com a
bênção do próprio. Pode?




OBLADI-OBLADÁ

O jornalista
Fábio Campanha, ops, Campana ganhou um apelido nas rodinhas de café da
Boca Maldita: “Universo em Desencanto”. Quaquaquá. *** O vereador
Roberto Hinça anunciou a sua desfiliação do PDT. *** Analisa agora as
opções à sua frente: o DEM (ex-PFL), pelo qual se elegeu, o PSB, o PPS
ou até o inchadíssimo PSDB. Tem tucano de pena arrepiada. *** O
deputado Ademir Traiano assumiu o posto de Luiz Nishimori (desarmado e
licenciado) na liderança do PSDB na Assembléia.