Onaireves e a ‘imprençinha’

O presidente da Federação Paranaense de Futebol, Onaireves Moura, que é
Severiano no espelho, está definitivamente “cassado”. Seis anos de
suspensão, confirmados pelo STJD, devem ser suficientes para colocá-lo
na catacumba do esporte. Onaireves vade retro vai para o limbo 22 anos
depois de abancar-se no trono da FPF e dele não sair mais, apesar do
currículo que é ficha corrida.

Nem a cassação política em 93 por comprar deputados de baciada, nem as
prisões na Colônia Penal Agrícola e no Presídio do Ahú, nem o
afastamento por improbidade administrativa e sonegação fiscal,
pareceram suficientes ao longo dos anos para minar a estrutura
inabalável de Onaireves. Os cartolas dos times grandes costumam alegar
que o dirigente se cercou de um escudo de proteção nos clubes das
divisões inferiores do futebol que teriam garantido sua longevidade no
cargo. Acredite se quiser.

Fato inarredável, contudo, é que Onaireves protegeu-se, e muito bem,
sob o teto acolhedor do circo da mídia. Há duas semanas, apesar de
condenado pela Justiça Desportiva, e em processo de apelação, Onaireves
continuava a ser tratado, com todo o rapapé, como o “presidente
licenciado” da federação. Vide: se não é um caso pecuniário é, ao
menos, temor reverencial.

Onaireves passou 57 dias preso no Centro de Adaptação do Ahú, em 2006.
Deixou a cadeia no colo da imprensa, depois de fazer publicar carta
chorosa em jornal de grande circulação. Licenciou-se e disse que só
voltaria quando, feito a Bia Falcão da novela das oito, pudesse provar
sua inocência. Conversa.
Foi só a mídia “esquecer” o caso – numa síndrome de amnésia exemplar – e eis que ele voltou risonho e sacudido.

Não faz dois meses, pouco menos pouco mais, Onaireves surgiu como
grande idealizador de um projeto de 600 milhões de reais para
construção a de um “Novo Pinheirão”. Pronto. Fez-se o salvador da
pátria na participação de Curitiba como subsede da Copa do Mundo de
2014. A mídia, claro, adorou. Imagine, publicou até as maquetes. Ah, os
golpes que Onaireves dá.

Quando a “guilhotina virtual” pairou sobre sua cabeça, o dirigente
repetiu ladainha para que a imprensa, de prato na mão, engolisse com
farinha. “Só quero concluir o projeto do Novo Pinheirão. Depois saio da
federação e vou pescar”. Se Onaireves tivesse mesmo pescado um peixe a
cada vez que repetiu a promessa, o programa “Fome Zero” de Lula teria
sido um sucesso. Ironia do destino, Onaireves sai da história para cair
na vida, morrendo pela boca, feito um peixe. Pois há setores da
imprençinha que vão pelo mesmo caminho.

Para completar
Os seis vice-presidente da Federação Paranaense de Futebol reúnem-se no
dia  de julho, daqui a um mês portanto, para escolher quem irá comandar
a entidade até as eleições marcadas para abril do ano que vem.

Fantasma
Não é segredo que o espectro de Onaireves Moura continua a rondar a
FPF. Há quem jure que, apesar da suspensão, ele continua a dar
expediente diariamente na entidade.

Só assim
Presidente da CEI do Pedágio, o deputado petebista Fábio Camargo nega
as insinuações de que estaria agindo de acordo com ordens do Palácio
Iguaçu. Diz que fez a proposta porque sabia, que com esse tema, o
governo não acionaria o rolo compressor.

Natimorta
Camargo ainda se diz vítima no caso das CPI das ONGs, aquela que foi
nunca ter sido, sepultada por ordens do governador, apesar de contar
com o apoio da bancada governista na primeira hora.

Fiuuuu
Vereador licenciado, deputado suplente, o tucano Rui Hara deixa a
Assembléia para ocupar a Secretaria de Governo da prefeitura com um
certo alívio.

Até aqui
Recentemente, ele se surpreendeu com os arroubos do colega petebista
Jocelito Canto na tribuna. E deixou escapar: “E eu que pensei que
estava livre do vereador Custódio da Silva”. Quaquaquá.