Deve ser tática eleitoral. A não ser pela agenda de campanha que, dizem, cumpre rigorosamente – a ponto de não reservar tempo para encontro com o presidenciável Cristovam Buarque (PDT), na semana passada – Osmar Dias anda fazendo pouco barulho.
Julgue-se um contra-senso, mas até parece que o pedetista não quer se expôr. Enquanto Requião se esfalfa em andanças pelo estado, e trombeteia cada pronunciamento, cada discurso no cafundó, Osmar segue recluso e comedido. A ponto de uma passada de olhos nos jornais, registrar parcas e curtas notícias sobre o senador.
Se o “retiro espiritual” do candidato guarda carga para o período da propaganda gratuita ainda não se sabe. Pelo que se viu até agora, a estratégia dos marqueteiros de Osmar, que tem à frente Cila Schulmann (ex-Lerner), vai ser mirar na campanha propositiva.
Parece bonitinho. O problema é que o principal adversário não é o samaritano das parábolas da Bíblia, mas o governador Requião. Disposto, diga-se, a tudo ou quase tudo para permanecer no Palácio Iguaçu por mais quatro anos.
A timidez da campanha de Osmar não dá sinais ainda de como o pedetista vai reagir ante o fogo pesado da artilharia requianista. Não se espere misericórdia. Nem a cordialidade que marcou as relações entre os dois candidatos no período pré-eleitoral.
Requião é experiente nos ataques e exímio na defesa. Não por acaso, é ele o criador (ou um dos criadores) do maior produto de ficção eleitoral da história política do Paraná: o matador “Ferreirinha”.
Ok, no hiato entre 1990 – quando a “criatura” foi gestada – e 2006, a Justiça Eleitoral se aperfeiçoou e estabeleceu regras que punem rigorosamente o jogo sujo das campanhas. Mas ninguém é perfeito.
Até agora, diga-se, a eleição no Paraná parecia aguardar um desfecho para o imbróglio da aliança PMDB-PSDB. Com a coligação rompida, o jogo deve ser aquele mesmo que se joga a cada pleito. Esqueçam o programa de governo. Mirem no programa de poder.
É a realidade nua e crua. Requião está pronto para a batalha. Rubens Bueno (PPS) – com o PFL bufando – está pronto para a batalha. Flávio Arns (PT), acredite, está pronto para a batalha. Só falta mesmo Osmar Dias sair do estado de criogenia.
Pisei
Troquei lé com cré, ontem, no texto de abertura da coluna, ao classificar o deputado e dirigente do PMDB, Dobrandino da Silva, de presidente estadual do PSDB. Juro que não foi maldade.
Risonho
O candidato do PT ao governo, Flávio Arns, tem agora a maior fatia do tempo de televisão na propaganda gratuita que começa dia 15.
Chicotinho
No novo rachid o petista ficou com 4m35s, seguido de Osmar Dias (PDT), com 4m27s, Rubens Bueno (PPS), 3m34s, e Roberto Requião (PMDB) – quem diria –, que amarga 2m54s. Gente, parece castigo!
Flatos e fotos
A Globo abusou na escatologia, ontem, ao exibir na Sessão da Tarde o filme “Pum! Emissão Impossível”. O plot: um menino é impedido de realizar o sonho de ser astronauta por causa de problemas com emissão de gases. Olha, e não tem nada ver com a Bolívia!
Bye bye
Ex-vice, Hermas Brandão só agravou a situação ao lembrar seu passado no MDB de guerra. A cúpula tucana rebateu: “Se é por falta de adeus, PSDB saudações”.
Cansou
Em 2004, o Prof. Galdino (PV) ganhou a pecha de folclórico, assim como o Oil-Man, ao fazer campanha no calçadão da Rua XV com um triciclo equipado com caixa de som. Pois ambos encheram o pote.
Haja
Oil-Man caiu em desgraça e virou o Ridículo-Man. Galdino é só “O Chato”.
Bateu…
John Lennon disse lá em tempos lisérgicos: “Os Beatles são mais populares que Cristo”. Mais de três décadas depois, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, sapecou: Até Jesus Cristo seria criticado se fosse técnico da seleção”.
…levou
Bom, pelo menos dessa vez o Messias não deixou barato: “Também, com esse timinho”. Quaquaquá.
Ô boca
Hermas Brandão vai ter que cumprir promessa. Na terça-feira não conteve a língua e disse que pagaria as despesas com santinhos do deputado Mauro Moraes caso a aliança com o PMDB não saísse.
Toc toc
Ontem, o peemedebista bateu à porta do gabinete do presidente da AL para cobrar a dívida. Brandão não atendeu.
Dupla dinâmica
Batman e Robin da CBN, os jornalistas José Wille e Luiz Geraldo Mazza protagonizaram saia justa, ontem, pela manhã. Falavam de eleição e Wille lembrou que Band irá promover o primeiro debate entre os candidatos.
Foi mal
Mazza rebateu de bicuda: “Mas a Band ninguém vê”. Pelo jeito, esqueceu que Wille é apresentador da Band, vai ser mediador do debate e o dono da emissora, Joel Malucelli, também é o patrão na rádio. Ó vida.
Arremate
Deu no Blog do Zé Beto: “Roubaram o salame do governador”. Pensem o que quiser.
Obladi-Obladá
A frase: “Hermas Brandão é hoje a figura mais importante da política paranaense depois de Requião”. Ah, o colunismo afagável. *** Ninguém entende mais o governador. No sábado, a coligação Paraná Forte encabeçada pelo peemedebista conseguiu liminar para proibir a pesquisa do Ibope/RPC. *** Ontem, jornais de campanha do PMDB circulavam com a manchete: “Ibope confirma: Requião vence no primeiro turno”. *** Entre o antes e o depois eis o governador opinando sobre o resultado da sondagem. *** Domingo, em Siqueira Campos: “Pedi a impugnação da pesquisa porque ela era forjada”. *** Segunda-feira, na reunião do Projeto Mãos Limpas: “O Ibope manipulou os resultados e a distorção é fruto da má-fé da Gazeta do Povo”. *** Coisa de louco. *** Ontem, a assessoria do PT divulgou nota: “Arns vai estruturar APLs. *** Esclareça-se ao leitor: APL é sigla de Arranjo Produtivo Local. *** Continuou boiando? Eu também.