De volta ao
“Terça Insana” depois de duas semanas em viagem de turismo, o
governador Roberto Requião desferiu mais um petardo contra a “canalha”
da mídia. Na avaliação do governador (ó vida), a imprensa agiu mal ao
desnudar o caso extra-conjugal do presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), o filho por fora, e a ligação perigosa de Calheiros com o
lobista da empreiteira Mendes Junior, Cláudio Gontijo.
No estilo “se
ele faz eu também faço”, Requião sustentou que Calheiros é tão culpado
quanto o ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, que
também teria mantido uma relação fora do casamento com jornalista da
Rede Globo.
A fonte dos argumentos de Requião, até prova em
contrário, deve ter sido a reportagem publicada em duas revistas
semanais que engoliram com farinha matéria produzida pela assessoria do
senador e que dão uma pintura passional ao caso Mônica
Veloso-Calheiros, com condimentos de chantagem. Nada mais.
Passa-se
ao largo do ponto nevrálgico que é justamente a relação estreita (e
suspeita) do lobista Gontijo, representante dos interesses de uma
empreiteira poderosa, e o presidente do Senado, quarto homem da
República e um dos guardiões dos cofres públicos.
Dito isso,
aborde-se aqui o motivo principal da ira requianista na manhã de ontem.
Acostumado a misturar o público com o privado e o privado com o
público, Requião tem verdadeira ojeriza com o que chama de “trabalho de
Candinha”. Para ele, tudo não passaria de futrica digna de revista de
fofoca.
Não é o caso. Está claro que o envolvimento do senador
Calheiros com a jornalista Mônica Velloso só chegou ao conhecimento
público porque envolveu um terceiro personagem: o dinheiro público. Da
mesma maneira, um ex-presidente do Banco Mundial se viu envolvido em
escândalo quando achou por bem inflar a carreira da namorada. Há casos
de amantes, esposas, filhos, filhas, tios, sobrinhos, primos, cujas
carreiras são impulsionadas pela simples proximidade familiar ou
sentimental com políticos graduados. A isto, o Código Penal dá um nome
que Requião sabe décor. Calheiros também.
Bem na fita
Aos
poucos, os membros do eixo Tóquio-Paris vão se revelando. César Setti,
o repórter carequinha das estradas, foi um dos felizardos. Na viagem
acumulou o papel de cinegrafista e fotógrafo. De volta a Curitiba,
reassume a função. A de churrasqueiro, claro. Por quê? Você pensou
noutra coisa?
Brincous
Antes
do diretor-geral da Secretaria da Fazenda, Nestor Bueno, ser anunciado,
ontem, como o substituto de Heron Arzua na pasta, correu a piadinha de
que Clodovil Hernandez poderia ser o indicado. Mas que exigiria um
adendo ao nome da secretaria. Além de Fazenda, Chuleado. Faz sentido,
não é mesmo? Hahaha.
Até tu?
Com
a anunciada demissão de Heron Arzua (Fazenda) do governo, sobra sob a
guarda de Requião apenas a armata do baixo clero. Assim, não demora, e
até Doático fecha a porta e apaga a luz. Daí é o apocalipse now.
Bagaço
Mal
e porcamente faz lembrar Lula que, na montagem de seu ministério, em
2003, quis cooptar para o governo os “notáveis” de cada setor. Depois
de ouvir recusas aqui e acolá, restou-lhe a xepa. Deu no que deu.
Por um fio
O
vice-governador Orlando Pessuti confidenciou a amigos da velha guarda
do PMDB. Só não se demite porque foi eleito. Do contrário, ei, fui!
Peralá
Antes
apinhada de correligionários, auxiliares e da camarilha risonha, a
Granja Cangüiri ganha, a cada dia, o aspecto sombrio da Xanadu de
“Citizen Kane”. E as comparações param por aí. Requião está para Orson
Welles assim como Ben Affleck está para Laurence Olivier.
Avançamos
A
ciência deu um passo decisivo para resolver uma questão que desafiava
séculos do pensamento racional: quem nasceu primeiro, o ovo ou a
galinha? Bom, sabe-se agora que a galinha chegou à América antes de
Colombo. Tá perto.
Tudo igual
Com
diagnóstico de hepatite B, o deputado tucano Luiz Fernandes Litro deixa
a Assembléia Legislativa por período superior a quatro meses. Em seu
lugar, assume o suplente Miltinho Puppio, fiel-escudeiro do governo.
Protecionismo
A
indignação do presidente da Câmara e, adivinha, petista Arlindo
Chinaglia (cuidado com a pronúncia) contra a investigação ao irmão
menos famoso de Lula, Genivaldo Inácio da Silva, o Vavá, mostra bem com
quantos paus se faz um partido.
Fichado
Vavá,
vale lembrar, foi denunciado no ano passado em reportagem da revista
“Veja” pela mesma acusação que paira agora sobre sua cabeça: o tráfico
de influência no Executivo e a bandidagem escancarada.
ARREMATE
Foi pra Portugal e perdeu a piada.
OBLADI-OBLADÁ
No
fechamento desta coluna, o governo deu sinais de que o advogado de
profissão, Heron Arzua, agora fora da Secretaria da Fazenda, pode
assumir uma secretaria especial do governo dedicada a cuidar dos
processos contra Requião. *** Imagine a encrenca. *** Se a bancada
federal do Paraná não vai ao governador, o governador vai à bancada.
Céus!